Acerca da minha nota sobre o apoio de Cameron a não construção de Belo Monte, recebi o comentário abaixo do amigo e advogado Paulo Weil e repasso a todos. Está muito bom, estilo Paulo.
Camarada.
Houve um tempo (e ainda há!) que a fé cega no "processo civilizatório" implicava, mais do que uma crença, a firme idéia (preconceito, no positivo sentido da expressão) de que estávamos no caminho inexorável da transformação das forças produtivas. Trocando em miúdos, a transformação da natureza e a transformação do homem, Nessa ordem, assim, natureza e homem, como duas coisas separadas, distintas, irreconciliáveis até.
Houve um tempo....será que esse tempo esta mesmo no passado? Não seria aquela compreensão, que demandava das mentes as ações para tornar mais veloz as transformações próprias da modernidade, visando a alcançar a redenção da natureza e do homem no menor espaço de tempo possível, apenas uma radicalização apaixonada, que, cheia da certeza da redenção moderna pretendia abreviar o sofrimento do mundo?
Amigo, entre as duas hipótese, fico com a segunda: a paixão foi esvaziada, mas a certeza moderna, infelizmente, não!
Fico animado com a saída que apontas, como dizes, "O caminho está na construção de uma nova civilização baseada na solidariedade universal entre todos os seres".
Pois é Zé Carlos, é o caminho e é o nosso problema.
Particularmente, é muito complicado ter de aturar esses caras que nada sabem da vida, que quando muito "apropriam-se" de (des) informações midiáticas e aparecem do nada para criticar as decisões de nosso País. Particularmente não fui ver esse filme. Eu escolho melhor minhas opções de entretenimento )( não é arte, é entretenimento). Ah, jogar conversa fora na beira do Rio Caeté, isso sim,(resulta em) arte.
Mas somos pautados pela "imprensa", que afinal tem o "sagrado" direito de repetir bobagens, inventar mentiras, desinformar, deseducar e de massificar a idéia de que é um instrumento importante dessa tal democracia moderna, essa invenção burguesa que desvirtuou bons princípios da democracia e da república (essa é outra conversa).
A questão amigo, é que essa construção de novo sentido civilizatório, baseado na solidariedade universal dos seres, se chegarmos a essa nova redenção, não será obra de iluminados, não abdicará de formas concretas da riqueza humana, nem de uma relação (ação) do homem com a natureza.
Fico impressionado com a incapacidade de se discutir condições de aproveitamento da riqueza a ser gerada por esse tal empreendimento, pela comunidade, pela população de ALtamira e do Estado do Pará. Prefere-se uma luta insana contra, desprezando a experiência que foi ( é tem sido) Tucurui. Insistimos contra Tucurui e Tucurui veio, sem qualquer compromisso, qualquer condicionante e ficamos às escuras, no sentido literal da expressão, por décadas, sem aproveitamento social dos seus benefícios. O em torno do empreendimento Tucurui cresceu em tamanho e em dimensão de miséria.
Penso que sustentar essa guerra insana contra Belo Monte é mesmo investir no tudo ou nada. E se o nada for, nada será, nada teremos, além das consequências negativas, à sociedade civil e à natureza.
Como bem observas, pelo menos o produtor de entretenimento, que fatura milhões de dólares vendendo gato por lebre, entretenimento por arte, prefere a tecnologia nuclear. Ele sabe o que quer.
Aqueles que pretendem um novo sentido civilizatório devem privilegiar o diálogo e obter o maior nível possível de compromissos com as gerações futuras.
Um grande abraço
Paulo Weyl