Por favor, não atrapalhem o povo nas ruas

As ruas de todo o Brasil ficaram tomadas por pessoas que antes nunca haviam se disposto a sair de casa e adotar atitudes políticas de inconformismo. Muitos cartazes e muitas faixas com as mais diversas mensagens. Pediam desde o impeachment da presidente Dilma, o fim da corrupção, à saída do PT do poder e uma minoria clamava por intervenção militar.

Os populares, com uma maioria de integrantes da chamada classe média, inovaram no jeito de chamar a atenção. As manifestações foram convocadas sem panfletos, sem apoio da mídia tradicional, com forte uso das redes sociais e novas mídias. Os políticos com mandato e dono de partidos ficaram no segundo plano dos eventos ou nem pisaram por lá. Reinou a liberdade de gestos, cada pessoa foi como achava que podia e queria e protestou pelo o que mais lhe está incomodando.

O Brasil é um país com enorme carga tributária, pior distribuição de rendas e um serviço público de péssima qualidade. Os mais pobres não pagam imposto direto, apesar de contribuírem de forma com os tributos. Os mais ricos financiam campanhas e elegem políticos que os livram de pagar imposto por suas fortunas. A classe média assalariada de pequenos e médios empresários não escapa e é compelido a assumir o ônus do custo do país. Esse é o sentido da revolta que esse setor sente e vai indignado para as ruas protestar.

O Partido dos Trabalhadores, que assumiu o governo do país há 16 anos, subiu com apoio dos setores médios da sociedade, com quem fez uma política de alianças para chegar ao poder, mas hoje escarra na cara desse setor quando, revoltados e lesados, vão às ruas mostrar sua indignação.

A classe média queria que seu esforço tributário tivesse sido utilizado para construir uma nação sem desigualdades, sem corrupção, sem pessoas passando fome, sem analfabetos, sem favelados. Acreditou no programa Bolsa Família. Apoiou a reeleição de Lula. Deu um novo mandato a presidente Dilma acreditando que não havia crise como foi dito por ela nos discurso de campanha.

A classe média está revoltada sim. Depois de tantos anos de esforço, descobre que o país está atolado em corrupção, os programas sociais não diminuíram a pobreza, a desigualdade aumentou gerando altos índices de violência urbana, a crise econômica lhe arromba a porta, as pessoas influentes do PT andavam representando os interesses de grandes empresas a troco de caixa dois para suas campanhas eleitorais e de seus aliados.

Os manifestantes fazem gestos, alguns até extremos, mas o que pedem é justo. As pessoas querem o fim da corrupção, querem um país que respeite seu povo. Os líderes petistas da velha guarda, no lugar de incentivar acusações a eleitores que estão se manifestando, chamando de direita e golpista, precisam fazer autocrítica e perceber os erros que cometeram ao frustrarem o sonho de construção de um país sem os trezentos picaretas.

Quem ressuscitou o Collor? Quem apoio Renan Calheiros? Quem reforçou Eduardo Cunha? Quem inventou Pedro Barusco, Paulo Costa, Youssef e tantos outros corruptos alcançados pela operação Lava Jato? Vocês não tiveram capacidade para construir a nação com a qual todos sonhamos então, por favor, não atrapalhem o povo nas ruas, deixem a classe média lutar por um país melhor.

 

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