Empunhando a bandeira do combate a corrupção, milhares de manifestantes concentraram-se em diversas capitais brasileiras, durante o feriado de Nossa Senhora Aparecida, para protestar e exigir a validade da “Lei de Ficha Limpa”, “Fim do Voto Secreto” e apoio as ações do Conselho Nacional de Justiça.
Estas manifestações são convocadas pela internet, via redes sociais, e dispensa a participação de partidos e de políticos, colocando-se como um movimento legitimo da sociedade civil brasileira.
Aqui no Pará, onde ocorrem casos gravíssimos de desvios de recursos públicos, como o acontecido na Assembléia Legislativa, estranhamente não tivemos qualquer movimentação das forças autonomas da sociedade. E o que isto quer dizer? O paraense aceita a corrupção? Claro que não!
Recetemente, em março de 2011, a diretoria da OAB Pará, liderada por Jarbas Vasconcelos, convocou uma grande manifestação pública de repúdio a corrupção. Dez mil pessoas atenderam o pedido e foram as ruas. Foi um momento de muita esperança. Após este evento, porém, os corruptos se mobilizaram, artificializaram uma crise dentro da Ordem, colocando sobre suspeita parte da diretoria e como isso, estão tentando calar a única instituição capaz de os combater.
A reação das outras instituições sérias e competentes da sociedade civil paraense em defesa dos dirigentes da OAB foi pequena e os corruptos cresceram, foram ficando mais ousados e confiantes na impunidade. A recente absolvição de Sefer em plena Festa Nazarena e a privatização do lixo de Belém, podem ser um marco deste ousadia. O resultado é a apatia e a não participação dos paraenses na marcha nacional.
Os paraenses não concordam com a corrupção, disso tenho certeza, mas não tem, neste momento, instituições isentas de partidos e de políticos capaz de convocá-los a ir as ruas protestar. O povo paraense, afetado por graves índices de pobreza, está a mercê de uma elite cruel e covarde, que enriquece a olhos vistos com o dinheiro público desviado, basta ver que a economia não pode explicar o valor dos apartamentos de luxo construído e adquiridos em Belém.
A elite paraense à muito controla instituições públicas, a maioria dos órgãos de comunicação e esmaga qualquer político bem intencionado que ousa desafiá-la, impondo-lhe derrota, as vezes moral e eleitoral, a custa de muito dinheiro e uso da máquina pública.
Mas, mesmo com o quadro atual desfavorável às lutas sociais, acredito que haverá reação em breve. A elite política paraense não perde por esperar o florescimento do espírito cabano deste nosso povo sofrido, continuo com esperança em instrumentos como a blogosfera, as redes sociais, as centrais sindicais, alguns partidos sérios e um punhado de políticos bem intencionados quem ainda sobrevivem por aqui e estarei pronto a apoiar qualquer ação. Chega!!!