Quando vejo na televisão a foto dos traficantes cariocas, com seus cordões de ouro, fico pensando cá com meus botões, e os daqui? Será que são ricões e poderosos com os de lá?
Claro que aqui tem muito traficante pelos bairros, atuando, matando, vendendo pó, crack, maconha e outras drogas. O dr. Geraldo e o delegado Eder Mauro pegam pesado com eles, mas tem muito bandidão vivendo no meio das pessoas de bem que a gente nem sabe quem é.
Uma certa feita, conversando com um puliça, do tipo capitão Nascimento, sabe? Ele me disse que o tal de Dote tinha uma casa ali pros lado do Bengui que era uma verdadeira fortaleza, cheio de câmeras e muita proteção. O puliça achava que o tal Dote faturava mais de 700 mil reais por mês só com o tráfico. Ainda bem que esse já está na cadeia ou será que já foi solto? Agora fiquei em dúvida.
O Dote é apenas um deles, dizem até que é um peixinho, e os peixões? As vezes eu olho para essas colunas de jornal que mostram as fotos das baladas da madrugada, tem uns sujeitos com aparência de traficantes, pode até não ser, quem vê cara não vê coração, bom, deixa prá lá.
Sei dizer que é tudo muito estranho aqui para Norte. Estamos perto da fronteira onde passa muita coisa errada. A Polícia mesmo acha que prende uma terça parte do que trafega por estas bandas, e o resto da droga? Circula por aí, fazendo fortunas e infelicidades.
O negócio intrigante é que nas páginas policiais só aparece a foto de viciados ou varejistas e todos muito tatuados. Queria ver era o traficantão. O atacadista cheio de colarzão, mansão, carrão e mulher boazudona, ou será que é só para o Rio de Janeiro que tem dessas coisas?
Acho que nunca vou ver e tenho até que me conformar. Desde do tempo da Folha do Norte e da Província que é assim. Naquela época, o maior crime era o contrabando. A cidade vivia cheia de carrões Impala Rabo de Peixe. No Automóvel e no Jockey Clube era só whisky Cavalo Branco e na imprensa nada.
Apenas o programa “Patrulha da Cidade” divulgava a prisão de uns ladrões de galinha lá pra as banda da Estrada Nova ou de uns maconheiros na Matinha e no Acampamento. O máximo de crime grande que a gente tinha notícia era os do “bando da veraneio”, mas o grande e rico contrabandista, vendedor de carrão e whisky vivia na soçaite, pousando para as fotos.
Eu acredito que tem muito ciminosão aqui no Pará, vivendo por ai pelas baladas, desfilando em carrão, morando em coberturas, freqüentando bons ambientes. Tem de todo tipo, só não sei quem são.