Droga entra na Terra Firma embaixo do Mururé

Vendo as ações da segurança pública do Rio de Janeiro, no complexo do Alemão, não tenho como deixar de pensar na grande Belém.

De Marituba até a Terra Firma, passando pelo PAAR, todos os dias jovens são assassinados a mando do tráfico. Invadem casebres e executam pessoas a sangue-frio na frente de familiares e nunca são presos. Chegam de motos, geralmente dois, o garupa saca a arma, faz os disparos e depois vão embora sem ninguém perturbar.

A Polícia olha e dá logo a sentença: foi acerto de contas; chama o Instituto Médico Legal que providência a remoção do corpo. Para a Polícia é menos um; para a população um a menos; para os familiares as vezes é um alivio se livrar daquele viciado e endividado; para o tráfico a vitória do seu método e o domínio do território. De morte em morte os traficantes vão ganhando terreno e infelicitando jovens na periferia de Belém.

Uma parte da Polícia combate firme esse tipo de crime. Ana Júlia acertou ao colocar a frente da Segurança Pública dois polícias federais experimentados: Dr. Geraldo e o Delegado Sales. Eles deram um bom combate aos grandes traficantes e ao crime organizado, mas estão perdendo terreno para o varejista, o craquista e o comandante de saidinhas. 

O combate de rua e a ostensividade devem ser feitos pela Polícia Militar, mas a PM ainda precisa de atenção. A briga de coronéis (tem coronéis azuis e tem coronéis amarelos) enfraquece a corporação. Os pastinhas dominam postos chaves e perseguem os combatentes. As injustiças na tropa estão fragilizando o combate de rua e o moral de muitos policiais. Isto não é de agora e é sentido no dia a dia.

O governador eleito, no mandato anterior, teve muito problema com relação a segurança pública. Sua equipe passada era muito criticada, principalmente dentro da PM. A última reunião que Jatene, quando governador, fez com parte da tropa, no Pará Clube deve ter servido de lição. Por isso, ouça bem antes de escolher o novo Comandante da PM e a equipe de segurança pública.

Tem muito para dizer sobre os métodos e a ação de traficantes na Grande Belém, basta conversar com os moradores, ouvi-los com atenção, cercá-los de garantias e eles ajudaram nesse combate. Mas ao contrário, as pessoas estão acuadas e com medo de falar. Outro dia desses mataram um líder comunitário no Jurunas que, sozinho, combatia a bandidagem, até agora nem uma solução para o caso, isso fortalece os bandidos.

Uma informação para terminar este alerta. O igarapé do Tucunduba serve de entrada de droga para o Guamá e Terra Firma. Os bandidos vem de canoa pelo rio Guamá até a foz do igarapé, esperam a maré começar encher, amarram a droga na touceira de mururé, soltam; a droga vai entrando ao sabor das águas, é monitorada e pescada pelos traficantes lá na frente.

 

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