Barata foi um político muito importante para o Pará, mas sua memória tem sido tratada com descaso. A violação do seu túmulo e o próprio Memorial em sua homenagem é o símbolo da falta de respeito pela história. O Estado era quem controlava o monumento, construído por Hélio Gueiros, mas passou a responsabilidade do município a pedido de Edmilson Rodrigues.
O Memorial nunca funcionou direito, dizem que tem um problema sério de infiltração, razão pela qual o acervo foi retirado de lá, ficando apenas os restos mortais sem qualquer proteção da Prefeitura, passível de violação por um reles ladrão de túmulo.
Edmilson Rodrigues vivia as turras com o ex-governador Almir Gabriel. Por conta destas brigas, Belém e suas obras foram penalizadas: o complexo do entrocamento foi uma destas desavenças que fez Belém sofrer com uma obra mal feita.
Jatene foi eleito governador, convidou-me para seu Chefe da Casa Civil e determinou que deveríamos buscar entendimento com o prefeito Edmilson Rodrigues. Uma audiência foi marcada. A audiência foi cercada de providências para facilitar o entendimento, até uma câmera consentida ficou ligada gravando o encontro, no final uma fita foi fornecida ao Prefeito para garantir o fiel relato sobre o acontecido na reunião, evitando assim que versões atrapalhassem o futuro das relações entre Estado e Prefeitura.
Jatene pediu e Edmilson apresentou suas pendências: municipalização da saúde; autorização para construção do túnel da Doutor Freitas, permitindo o desvio do trânsito para Avendida João Paulo, aliviando o fluxo da Almirante Barroso; e a entrega do Memorial em homenagem a Magalhães Barata ao controle da Prefeitura Municipal de Belém.
O governador Simão Jatene atendeu a todos os pleitos do Prefeito. Municipalizou a saúde de Belém, inclusive arcando com as despesas de pessoal por um ano; entregou ao controle da prefeitura o "Chapéu do Barata"; o caso do túnel, porém, exigiu cautela, é que há no local a "Adutora da Cosanpa", por onde passa muitos metros cúbicos de água para abastecer a Cidade, fato que a Prefeitura desconheceu ao construir ali um viaduto. Jatene então recomendou que a liberação fosse feita mediante uma solução técnica que preservasse o abastecimento de água da Belém e desse a devida segurança aos motoristas que trafegassem pelo túnel.
Eduardo Paseto pela Prefeitura e José Augusto Afonso pelo Estado, foram designados para encontrar a solução à liberação da construção do túnel. Paseto apresentou um laudo dizendo que a vida útil da Adutora estava comprometida e que o Estado deveria substituir toda a tubulação, neste caso, aproveitaria e faria um desvio pela Perebebui. Afonso, de posse do laudo e dos altos custos desta operação, pediu uma contraprova, resultado: o laudo da prefeitura foi questionado, mostrando que a Adutora ainda tinha vida útil de 50 anos. Paseto então pediu autorização para que o túnel passase por baixo da Adutora. Afonso solicitou o projeto para avaliar a segurança, pois um rompimento da Adutora inundaria o túnel, matando motoristas. Paseto não apresentou a solução técnica e o túnel nunca foi construído. Muitas pessoas até hoje estranham aquele Viaduto esquisito.
A Casa Civil acompanhou a municipalização da saúde, que foi conduzida com maestria pelo secretário estadual de saúde, Fernando Dourado; e a entrega do memorial de Magalhães Barata à Prefeitura de Belém, com as devidas cautelas e compromissos que estão no termo assinado pelos secretários das pastas.
Eu juro que até hoje não entendi o desejo de Edmilson Rodrigues pelo Memorial do Barata, mas foi entregue a municipalidade que, na administração do tracuateuense, Duciomar Costa, foi negligenciado, deixando a nossa história exposta. Apenas para lembrar, a China, mesmo passando pelas turbulências revolucionárias, nunca permitiu que os túmulos de seus imperadores fossem violados. Fica para nós a lição que vem do oriente: quem tem respeito pela história, alcança um lugar no futuro.