Carros, ruas, estacionamentos e pedestres, que conflito!

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O Bom Dia Pará, jornal matutino produzido pela Tevê Liberal, dedicou um pedaço dos seu precioso tempo de hoje, 18.11, para discutir o excesso de carros, a ausência de vagas de estacionamento e o conflito do carro com as pessoas. Esqueceu de mostrar as motos, os ciclistas e o problema ambiental causado pela emissão de dióxido de carbono (principal gás responsável pelas mudanças climáticas) resultante da queima de combustíveis fósseis. Mas foi feliz em detectar que nos quase 400 anos de existência, Belém não dispõe de um sistema eficiente de transporte público. Lamentável!

O Pará, segundo o Denatran, tem uma frota de 1.078.418 veículos, quase um carro por domicílio. Em 2005, antes do lançamento do filme “Carros” - o filme foi lançado em 2006 – feito para estimular a paixão mundial e aumentar o consumo, rodavam por nossas ruas 497.802 destas máquinas da poderosa indústria automobilísticas.

Belém, sozinha, possui 315.582 carros circulando por suas apertadas e mal planejadas vias, isto é mais que todas as casas existentes e quase um carro por habitação, considerando casas, apartamentos e casas de vilas. E pensar que antes do filme, nossa frota municipal era de 179.028. Em seis anos, o número de carros quase que dobrou.

Como somos integrantes de uma Região Metropolitana, devemos considerar que por aqui ainda circulam carros de provenientes de todos os municípios vizinhos. Ah! Considere que o território de Belém disponível para circulação de todos estes carangos é de menos de 40%, somos um conjunto de ilhas sem tanta terra firme assim. Tá bom para você? Ei! não esqueça de pensar nas motos, elas inundaram nossas ruas.

A quantidade imensa de veículos encontra uma cidade onde as ruas são estreitas, sem lugar para estacionamentos, as casas e edifícios antigos não tem vagas de garagens. Os novos prédios, quando tem vaga de garagem para o morador, não possuem lugar para os visitantes estacionarem. Lojas, supermercados, comércios, escritórios, faculdades, cursinhos, bares, restaurantes recebem habite-se sem a obrigatoriedade de ter vagas de garagens para os seus frequentadores. O resultado é o caos urbanos que estamos atravessando.

O tamanho da frota e dos problemas só tendem a aumentar. O mercado de veículos é voraz e cria muitas formas de atrair compradores, usando técnicas modernas de vendas. A ausência de um sistema público eficiente de transporte estimula o uso do veículo unipessoal. Nesta marcha, os carros vão entulhando ruas e calçadas, os congestionamentos se multiplicam, o ar vai sendo contaminado com as partículas de enxofre existentes no combustível e a emissão de gases contribuem para o aquecimento do planeta. Tudo em prejuízo da qualidade de vida da população.

E qual é o planejamento da Prefeitura Municipal de Belém para enfrentar o problema? Lamento informá-los que não existe, ou melhor, a CTBEL enfrenta o problema com talões de multa e guinchos. Os técnicos municipais racionam pelo lado da indústria automobilística e não pela ótica dos cidadãos. Belém vai na contramão de cidades modernas do Mundo. No Parná, por exemplo, a Universidade Federal, através do Núcleo de Psicologia, faz até pesquisa para saber o quem pensam os motoristas.

As cidades que se destacam por terem solucionado os problemas ocasionados pela indústria automobilística, adotaram dificultar o trafego dos automóveis e facilitar a vida das pessoas. Como?

Investindo em transporte público de qualidade, não dá para simplesmente dizer as pessoas que deixem seus carros na garagem se elas não tem como se deslocar.

Planejar as cidade para que as pessoas morem o mais próximo das suas necessidades de trabalho, estudo, compras, lazer, evitando grandes deslocamentos diários.

Diminuir a circulação de veículos em áreas da cidade, como comércio, centro histórico, regiões de lazer.

Aumentar as calçadas e diminuir as ruas, dando conforto as caminhadas das pessoas em pequenas distâncias.

Facilitar a utilização das bicicletas, através da construção de sistema de ciclovias e ciclofaixas, integradas ao sistema público de transporte e dotar a cidade de bicicletários.

Dá para se viver melhor, outras cidades estão conseguindo. Conheça o projeto “Cidades para Pessoas” e saiba que tem administradores e pessoas fazendo diferente. Belém pode conseguir? Claro que pode. Que tal começarmos por uma rodada de conversas de jornalistas, entidades e pessoas interessadas? Que tal criarmos uma Fundação para o planejamento urbano? Que tal escolhermos melhor os nossos governantes?  

 

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