Divisão do Pará para quem?

A Frente em defesa do Carajás expôs as entranhas das mazelas paraenses em um vídeo de sua propaganda em favor da divisão do Pará. Na mesma peça publicitaria exibi uma entrevista do jornalista Paulo Henrique Amorim defendendo a divisão com o argumento de que se deu certo para o Tocantins e Mato Grosso dará certo pro Pará.
Começo analisando pelo fim, Paulo Henrique não sabe o que está falando e a entrevista dele foi um tiro no pé. Não há como comparar as duas situações. Os casos são distintos e em tempos diferentes. Os dois Estados citado por Amorim, foram separados por uma decisão da Assembleia Nacional Constituinte e em condições privilegiadíssimas.
Mato Grosso e Goiás tiraram os pedaços mais pobres de cada um dos seus territórios para formação das duas novas unidades federativas. As áreas emancipadas foram sustentado por dez anos pelo Governo Federal, além de os Estados-mães receberem indenizações. Quem pagou a conta foi a União que sustentou as despesas de implantação dos novas estados, inclusive com gordas linhas de créditos.
A criação dos Estados do Tocantins e Mato Grosso, porém foi a responsável pelo surgimento de um grave impecilho para que o Pará, Carajás e Tapajós repitam a façanha. Nos atos das disposições transitórias constitucionais o Artigo 234 acabou com a farra. Sabem o que diz este artigo? Não! Então Leiam:  
“É vedado à União, direta ou indiretamente, assumir, em decorrência da criação de Estado, encargos referentes a despesas com pessoal inativo e com encargos e amortizações da dívida interna ou externa da administração pública, inclusive a indireta.”.

Quanto as denúncias de abandono e miséria a que o Estado do Pará está submetido, concordo plenamente com a Frente em favor do Carajás, os números paraenses são vergonhosos, mas quero lembra-los que desde de 1983, quase no final da ditadura, até hoje, exceto por quatro anos, que o mesmo grupo político, saído dos mesmo escanhinhos, toma conta do Governo do Estado. Parece incrível, mas é verdadeiro.
Jader, Hélio, Almir e Jatene são oriundos da mesma articulação política. Jader foi o candidato do PMDB indicado por Alacid para derrotar Oziel Carneiro, que era o então candidato de Jarbas Passarinho. Almir foi secretário de Alacid, prefeito indicado por Jader e senador eleito pelo o PMDB. Jatene foi secretário de planejamento de Jader no seu primeiro governo, secretário de Jader em dois ministérios e secretário do governo de Almir Gabriel.
Este grupo se reversa no poder há 24 anos, é só conferir. Jader e Hélio governaram por 12 anos pelo PMDB. Almir e Jatene goveranram mais 12 pelo PSDB.  Agora, os dois, PSDB e PMDB, se uniram e estão juntos no poder para governar por mais quatro anos. Ao todo serão 28 anos a frente dos destinos do Pará. Na Europa este tempo não representa quase nada, mas na frágil democracia brasileira significa uma longa e tenebrosa eternidade.
O PT se meteu a besta e quebrou a cadeia de sucessão deles, deixando-os quatro anos foram da cadeira principal, mas pagou e pagará um preço altíssimo, que nem os dirigentes petistas ainda souberam avaliar, incluíndo a conta do abandono abanada no rosto de todos nós pelos propagandistas do Sim.
Será que eles tem alguma responsabilidade por este presente que move os divisionistas?
 

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