Viajei a trabalho por diversas capitais brasileiras e aonde chegava era obrigado a responder duas perguntas: Por que querem dividir o Pará? Quem ganha com a divisão?
A noite, nos quartos solitários dos hotéis, após um longo dia de trabalho estafante, ao ligar a televisão, percebi que o TSE faz uma campanha nacional contra a abstenção e o tema dominou o Brasil de ponta a ponta.
A divisão do Pará virou pauta nacional, tenho que concordar que neste aspecto está sendo muito bom, mas seria melhor se o Governo do Estado fosse um pouquinho mais eficiente e aproveitasse o momento para vender as nossas belezas e riquezas turísticas. Que tal, venha conhecer o Pará antes que dividam? Brincadeirinha, Orly é bem mais eficiente para criar campanha, basta vir a ordem de cima.
Vamos ao que interessa. Para responder a primeira pergunta uso o argumento dos divisionistas. O Pará tem um território muito grande, comporta uma enorme biodiversidade, é rico em recursos naturais, mas o seu povo é sofrido, pobre e com baixos índices de desenvolvimento humano. O Governo é ausente em todo o tipo de serviço público básico. Faltam estradas, transportes, saúde, educação, moradia e emprego. Esta ausência cria uma insatisfação e revolta muitos que moram nas duas áreas.
Para a segunda pergunta uso o discurso dos que não querem a divisão. Digo que a divisão interessa a grupos econômicos e a classe política ávida por mais poder. A elite das duas regiões sabe que é dividindo que se governa, sempre foi assim que agiram os poderosos. Eles do Carajás e do Tapajós querem o Estado mais perto para ajudá-los a manter-se ricos a custa do suor do povo.
Quando termino a minha breve prédica, surge outra pergunta. Qual é o prognóstico das eleições?
Pelo número de eleitores que existe no Estado remanescente, digo que a lógica é a divisão sofrer uma fragorosa derrota. Mas como o povo é muito mais inteligente que todos os políticos juntos e já percebeu que sempre acaba perdendo, está muito desinteressado, podendo criar uma abstenção exagerada que ninguém ainda previu o seu efeito.
Bom, finalizo dizendo que a propaganda de rádio e televisão começará dia 11.11 e vamos aguardar para fazer outras analises. Peço o prato do dia, um suco local e seguimos conversando, com as pessoas reclamando dos seus governos locais, das elites e dos políticos, sempre muito iguais e distantes da população.