Antigamente as ocupações urbanas proliferavam em Belém, hoje elas estão espalhadas pelo Estado inteiro.
Ontem fui a Barcarena na ocupação Jardim das Palmeiras, na Estrada da Integração em Barcarena. 400 famílias ocuparam uma grande área próxima a rodovia que vai aos grandes projetos.
Não tem rua, água e nem esgoto. A maioria dos habitantes são de famílias vindas do interior do Maranhão para trabalhar nas obras e nos projetos que estão no Município.
Uma rápida conversa encontra-se o retrato da miséria humana, verdadeira ausência de cidadania.
Um garotinho contou-me que o pai separou da mãe, a sua mãe arranjou um novo marido, mas o marido da mãe não lhe quis e mandou a mãe escolher entre ele ou o filho, a mãe escolheu o novo marido. Pergunto se ele sente falta da mãe? responde que não, pois ela escolheu o “cara”! O garoto mora sozinho com o pai que passa o dia trabalhando, chegando em casa depois das 22 horas, neste tempo, a criança é cuidada por uma vizinha.
Uma mulher, ainda nova, aproxima-se e me pede ajuda. Ela quer um terreno e um emprego. Começo uma conversa. Ela diz que mora de aluguel com uma filha. Tem cinco filhos; - quatro moram com os meus parentes até eu me equilibrar. Meu marido me deixou com os cinco filhos. Teve o primeiro filho aos dezesseis anos. Ganha um dinheirinho fazendo unhas e artesanato.
Já é tarde. As pessoas dizem para eu ir, pois na invasão tem dois pontos de drogas e depois de uma certa hora fica perigoso.
Sai de lá com muitos pedidos e muita angustia, pois posso fazer muito pouco.
