Os divisionistas reuniram ontem para que o publicitário e fazendeiro do sul do Pará, Duda Mendonça, apresentasse sua proposta de reclames, como se fosse reclames de bebidas alcoólicas ou de cigarros, com intuito de levar o povo paraense a aceitar o mal como se fosse um bem.
O criador de boi, quer dividir, retaliar, desavir, afastar, desligar, mais 80% do nosso território dizendo a todos que isso se constituí em um grande benefício para todas três partes do Pará.
Na apresentação, Duda Galista Mendonça proibiu o uso da palavra divisão e sugeriu que se use dizer sim para todos os estados, inclusive dizer sim para o que eles vão chamar de "Novo Pará". Depois de ouvir está manobrar desonesta do publicitário, uma legitima paraense diria: Égua, mano, tá pensando que sou lesa!!!
Quando tomei conhecimento desta idéia sem ética do ex-marqueteiro de Duciomar Gomes da Costa, que está acostumado a ser pago com dinheiro de caixa dois (dinheiro não contabilizado), como no episódio do mensalão, autor de uma campanha para impedir a divisão da Bahia, sua terra natal, lembrei-me de uma história triste da minha infância, mas que vem a calhar.
Nasci no Pará e sou de uma família pobre, vinda do Ceará, na década de cinqüenta (eu sei que não tem trema, mas meu editor de texto ainda não aprendeu, por isso vai assim mesmo) e que foram morar no Guamá. Éramos nove filhos, com os meus pais, formavam-mos uma família de onze pessoas, todas alimentadas com o ganho de apenas um pobre - mais honesto - motorista de ônibus.
A pobreza imperava em minha casa. Pela manhã, para tomarmos café, minha mãe mandava comprar dois pães bengala para dez pessoas, papai tomava só o café "escoteiro" para facilitar a repartição. A mamãe sabia, com pouco pão para tanta gente, se deixasse a vontade, os primeiros filhos, os mais fortes, tiravam sempre pedaços maiores deixando os miudinhos, os mais fracos, com pouco pão. Para evitar que isso acontecesse, mamãe dividia os pães em partes iguais, irmamente e assim equilibrava a situação.
A elite do Carajás e do Tapajós, chegou na mesa do café, depois das minas de ferro, cobre, estanho, ouro, energia e quer dividir o Pará levando as melhores fatias e deixando os outros paraenses com dezessete por cento do território. Você acha isto justo? Eu não acho.
Eles querem nos enganar de todas as formas com está história de divisão para crescer, nunca vi isto acontecer, em lugar nem um do mundo. A única história de divisão justa em que há registro, foi aquela da distribuição dos peixes e dos pães feita por Jesus Cristo, mas, também pudera, ele é o Filho de Deus Vivo.
Espero que os publicitários paraenses da gema, como um amigo meu, nascido na Barão de Mamoré, próximo do "Beco do Pequiá", deem (não deixei o editor de texto fazer besteira) o troco nestes divisionistas e façam uma campanha publicitária com ética, decência e baseada na verdade para mostrar aos paraenses, de todas as regiões, que a divisão nos prejudica, aliás, vou contar para vocês que não é a primeira vez que tentam dividir o Pará.
Em 1822, os portugueses paraenses disseram não a independência do Brasil, o Imperador D. Pedro I ficou muito bravo, mandou para cá um mercenário inglês, sempre tem mercenários nestas histórias, comandando muitos homens fortemente armados numa esquadra, da qual fazia parte o brigue "Palhaço" para esmagar os daqui. Quando as forças do Imperador chegaram ao Pará, encontram outro quadro político, os paraenses estavam nas ruas e no comando do poder da província, era a revolução Cabana que tinha sido vitoriosa.
Com a superioridade das armas e contando com traidores da província, sempre tem traidores, prenderam 256 líderes da revolução Cabana, no porão do tal Brigue, fecharam as escotilhas, jogaram cal e mataram todos. Em seguida, o Imperador, após restaurar o comando português e com medo de novas revoltas, mandou fazer um estudo para dividir o Pará em vários outros Estados, mas não conseguiu, graças a fibra dos paraenses cabanos de sangue e de ideal. Por isso que o nosso hino diz assim: "...ao deixar de manter este brilho, preferimos mil vezes a morte."
Em homenagem aos meus irmãos cabanos que morreram lutando e em favor do guerreiro povo paraense, que sempre sustentou este maravilhoso torrão, abrigando ,com toda hospitalidade, irmãos de todos os cantos do Brasil, reafirmo, com todas as forças do meu pulmão, meu brado: Não a Divisão, não a divisão, não a divisãããooo!!!
zecarlosdopv@gmail.com