Publiquei um tópico, com fotos, sobre a Colônia do Prata e recebi uma ajuda de um bom cristão, o amigo Evandro Ladislau. Como o material é de um rico conteúdo, resolvi publica-lo aqui, na ribalta, como diria o saudoso Juvêncio Arruda.
Evandro fiquei apenas com uma dúvida quanto ao Frei Daniel de Samarati ter morrido no Leprosário do Prata. É que eu cresci no bairro do Guamá sabendo que o Frei Daniel, na verdade, morreu no Leprosário que havia no final da Barão de Igarapé-miri com a Augusto Corrêa.
No Bairro do Guamá tem até uma Escola, onde estudei o primário, que homenageia o Frei. Na minha época chamava-se Grupo Escolar Frei Daniel e fica na Liberato de Castro esquina com a Barão de Igarapé-miri. Sabes que os franciscanos capucho, até hoje, mantém duas Igrejas da Ordem no Guamá, a mais famosa delas é a Igreja dos Capuchinos ali na Castelo com a Conselheiro Furtado.
“Zé, mando algumas informações para contribuir com o debate:
A colônia do Prata é um conjunto arquitetônico composto de edificações de diferentes gerações surgidas a partir de 1898. Missionários capuchinhos da Ordem da Lombardia instalaram uma missão no interior do nosso Estado, denominada Núcleo Colonial Indígena do Maracanã (1898), posteriormente mudada para a Colônia Santo Antonio do Prata. Liderava a iniciativa frei Carlos de São Martinho. As obras de construção dos internatos masculino e feminino, custeadas pelo governo do estado, foram concluídas no final da década de 1900 (RIZZINI, s/d).
“No processo de catequese dos índios Tembés, além do Educandário Instituto do Prata, outras construções e beneficiamentos surgiram no local, considerados indispensáveis para a inserção dos índios na vida civilizada, como a Igreja com torre provida de relógio, a capela, as casas particulares, as oficinas, os campos de experiência e de plantações de seringueiras, cacaueiros, dentre outros produtos. Os frades promoveram a criação de uma imprensa local, O Prata, periódico semanal mimeografado, que mais tarde transformou-se no Correio do Prata, semanário impresso. A arquitetura das construções, a disposição espacial das casas e a divisão territorial em ruas, avenidas e lotes obedeciam aos modos de vida dos povos civilizados.” (RIZZINI, s/d, p. 5322).
Segundo Rizzi (s:d), em 1903, o objetivo que motivou a atuação missionária se expandiu, em associação com o governo, além de crianças indígenas, “menores transviados” eram recolhidos pela policia das cidades e povoados e enviados para o Instituto. A partir daí, a instituição passou a se chamar Instituto da Infância Desvalida Santo Antônio do Prata, cuja finalidade consistia em educar menores de 6 a 20 anos, de ambos os sexos (filhos de índios; órfãos pobres; moral e materialmente abandonados; filhos de réus condenados sem meios de subsistência; vadios e vagabundos).
A partir de 1920, foi transformado em Lazarópolis do Prata. Fiquei sabendo que atualmente recebe apoio do Governo do Estado, através da Secretaria de Estado de Saúde (Sespa), mas como está em processo de degradação a Secult pretende implementar um projeto de revitalização que prevê a implantação de um espaço museológico, a formalização de um dossiê de tombamento, a organização de um acervo documental e ainda o desenvolvimento de ações culturais.
O Governo pretende ainda reconhecer a fonte do lago onde se banhava frei Daniel de Samarate, que foi diretor da Colônia do Prata, da Igreja Santo Isadoro, localizada na Colônia do Prata , como patrimônio imaterial. Frei Daniel atuou há muitos anos como religioso na colônia do Prata, contraindo hanseníase, permaneceu na colônia até sua morte. Está em trâmite no Vaticano, o processo de pedido de canonização do religioso.
Espero sinceramente que o Governo do Estado alcance seu intento.
Para mais informação:
http://www.promapa.org.br/joaopedro/index.php?pagina=fundacao
http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/dtbs/para/igarapeacu.pdf
RIZZINI, Irma. A união da educação com a religião nos institutos indígenas do Pará (1883-1913). Rio de Janeiro: Universidade do Estado do Rio de Janeiro, s/d. Disponível em: http://www.faced.ufu.br/colubhe06/anais/arquivos/484IrmaRizzini.pdf
MUNIZ, Palma.O Instituto Santo Antonio do Prata (municipio de Igarapé-Assú). Livraria Escolar (Belem, Pará), 1913. 82p.”