Entre fotos, livros, lembranças e tablets

Hoje resolvi arrumar meus livros e meus álbuns de fotos. A cada livro e cada álbum, as lembranças brotavam borbulhando de dentro da memória.

Os livros que você adiciona a sua estante tem um significado especial, eles estão ligados a sua prioridade de conhecimento, fora, é claro, aqueles que lhes foram dados por um amigo, pelo autor ou adquirido por acaso num evento qualquer. Ao separá-los, faz–se uma revisão do que já se leu, rememora-se fatos ligados aquele livro e descarta-se o que nada teve ou tem haver com sua vida presente. É um novo aprendizado.

As fotos soltas ou guardadas em álbuns, aquelas impressas em papel fotográfico, que se pode manusear, mostrar, passar de mão em mão, quando retiradas das caixas ou das gavetas e trazidas a lume, faz as pessoas irem para os lugares onde o fato e a paisagem refletiram a luz que sensibilizou aquela película. É uma viagem no tempo.

Quando terminei a doce tarefa entre Lima Barreto, Graciliano Ramos, Hans Kelsen, Zeno Veloso, São Marcos, São Paulo, Joan Martínez Alier; passei para as viagens, as reuniões, as passeatas, a vida em família; tudo estava lá retratado nas letras e nas imagens, veio-me então um estranho pensamento: se tudo fosse digital, será que teria os mesmos efeitos sobre o meu espirito?

Manusear arquivos para lá e para cá, um clique aqui, outro clique ali, um arrasta para pasta, um solta na lixeira, um delete, não traz recordações, não provoca aprendizado e nem permite uma viagem no tempo.

Sou um apaixonado por tecnologia, agora mesmo estou escrevendo este post num tablet da Apple, e nunca pensei que ia ficar assim, dividido entre os livros, fotos digitais e as antigas brochuras de Dom Quixote e os velhos álbuns de estampas do quotidiano. Bom, acho que devo conformar-me em viver na zona de transição. Meus filhos, creio, diferente de mim, por certo terão emoções ao manusear seus arquivos digitais no Ipod Touch.

 

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