O último adeus a Lalá

Hoje vou a cerimônia de último adeus ao amigo Laercio Oliveira, o Lalá, como era mais conhecido entre os amigos. Laercio foi companheiro da oposição sindical e da diretoria do Sindicato do Gráficos. Era um contador de estórias, gostava de futebol, animava o campeonato da categoria e toda roda de amigos que frequentava. Lalá morreu vítima do cigarro que paralisou seus pulmões e lhe provocou um câncer. 

Eu já tomei muitas decisões na vida, algumas duras, mas nem uma tão sabia quanto largar o vício do cigarro. Minha geração cresceu vendo os atores de Hollywood soltando baforadas e nos incentivando a fumar. Fumar era sinônimo de liberdade e elegância. Ninguém sabia o mal que o fumo fazia a saúde.

Deixei de fumar numa madrugada de 1989 quando saia de uma sessão da Câmara Municipal de Belém, após passar o dia inteiro discutindo a Lei Orgânica do Município de Belém. O PT, partido do qual eu era o líder, havia apresentado mais de 250 emendas propondo melhorias para Belém. Minha tarefa era explicar, falar, convencer os demais vereadores a aprovarem. Passei um dia inteiro falando e fumando, até que meu pulmão deu ar que estava sem ar. Não contei conversa, entre a defesa das idéias que dependiam do ar dos pulmões e o cigarro, preferi continuar vivo e falando aquilo que penso. Joguei fora um maço inteiro de Minister, um isqueiro e nunca mais fumei.

Meu amigo Laércio continuou fumando, apenas trocando as marcas de cigarro. Laércio é mais uma vítima da indústria tabagista. Meu amigo vai, mas deixa um legado entre nós, foi um lutador e um parceiro de muitas batalhas. Deus o receba entre os justos.

 

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