Jáder Barbalho ganhou o poder de dizer quem é ficha suja ou ficha limpa no Pará

Antonio José Guimarães, secretário particular do senador Jáder Barbalho, foi escolhido conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios, na vaga que era de livre indicação da Assembléia Legislativa. A operação, para substituir o aposentado Alcides Alcântara,  foi rápida e cheia de lances da velha e nojenta política do caciquismo.

Com a decisão, Jader Barbalho e Simão Jatene ganham o direito de determinar quem é ficha suja ou ficha limpa no Pará.

Ao ler a notícia, lembrei-me que já tentei disputar o mesmo cargo. Abriu uma vaga para conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios. De posse desta informação, consultei a Constituição Federal e Estadual e vi que preenchia os requisitos estabelecidos no art. 119 do diploma estadual: tinha mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco; idoneidade moral e reputação ilibada; notório conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou de administração pública; e mas de dez anos de exercício de função ou de efetiva atividade profissional que exija os conhecimentos mencionados no inciso anterior.

De posse do meu currículo e na condição de cidadão, sem pedir favor a ninguém, fui, pessoalmente a Assembléia Legislativa, inscrever-me para ser sabatinado pelos deputados da minha terra natal. 

O clima era de hostilidade. Os deputados, antes, quando eu ocupava a Chefia da Casa Civil, tão cortes, agora me tratavam com indiferença. Senti o clima pesado e injusto, afinal, além de ter um currículo a altura do cargo, tinha sido deputado por dois mandatos, por que tanta animosidade, afinal estava apenas exercendo o direito de cidadania e acreditando na independência dos poderes da nossa república. 

Conversa daqui, conversa dali, descobri o motivo. Os deputados haviam fechado um acordo de eleger apenas deputado com mandato para aquela vaga e eu não preenchia  este requisito. A pressão sobre minha candidatura foi tamanha que não restou outra saída a não ser desistir para não passar o vexame em plenário. Mas pelos menos os deputados estavam dando uma demonstração, mesmo que torta, de independência do Poder Legislativo.

A decisão dos deputados era uma resposta ao ex-governador Jáder Barbalho que impôs, por exemplo, contra tudo e todos, o nome de Alcides Alcântara para a mesma vaga agora aberta com sua aposentação.

Na época foi preciso vigiar os deputados em plenário para não fugirem e o indicado sofrer uma retumbante derrota. O ex-chefe da Casa Civi, Manoel Ribeiro, patrulhou cada um dos parlamentares governistas, até encerrar a votação. 

Agora, estes mesmos deputados, passam por cima do acordo que fizeram, se acachapam, colocam o Poder de cócoras e aprovam o nome de um cidadão que nunca foi deputado, não preenche os requisitos constitucionais e indicado pelo mesmo Jáder Barbalho, justamente para substituir Alcides Alcântara. 

Este ato, consagra o poder de Jader e Jatene sobre as duas cortes de contas, justamente os Tribunais que detém o poder constitucional de determinar se um político é ficha limpa ou ficha suja. A chance de um adversário do PSDB ou do PMDB ir para lista dos políticos que não poderão concorrer a próxima eleição é real. Da mesma forma que será fácil tirar das lista os aliados deste dois governantes. Apenas uma mandado de segurança no Poder Judiciário, contando com a provável independência dos magistrados, poderá livrar os inocentes da degola política. 

 

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