Desenvolvimento sustentável da Vale do Rio Doce

Eu não tenho idade para ficar me assustando com qualquer coisa, mas hoje não me contive ao ler que a Assembléia Legislativa do Pará criou uma "Frente Parlamentar de Apoio ao Desenvolvimento Sustentável da Mineração no Pará".

Ainda mais assustado fiquei quando soube que a Frente será presidida pelo deputado da Funasa e de Paragominas, o sanfoneiro Raimundo Santos, que aliás, por ironia do destino, é o atual corregedor da Assembléia Legislativa.

Meu susto começa pelo instrumento "Frente Parlamentar". Existe isto no Regimento Interno da Alepa? Se existe, qual é o poder de uma Frente Parlamentar? A Casa já tem Comissões Permanentes para este mesmo fim e não funciona, uma Frente vai funcionar? Já sei. Copiaram da Câmara dos Deputados. Mas lá uma Frente se justifica dado o número de deputados ser superior a cinco centenas, mas aqui com pouco mais de quatro dezenas, por que a Frente?

Depois fiquei assustado pelo assunto: apoiar o desenvolvimento sustentável na mineração no Pará. Que lindo! Mas realmente é falta do que fazer ou esperteza em doses cavalares. Alguém aí sabe o que vem a ser o desenvolvimento sustentável na mineração? Parem de papo furado e digam logo: isto é apenas para maquiar a subserviência perante a Vale do Rio Doce. Quero saber se na exploração mineral praticada aqui no Pará é possível cumprir um dos preceitos fundamentais do desenvolvimento sustentado: garantir um meio ambiente equilibrado para a próxima e futuras gerações. Não dá nem para tentar, ainda mais apoiar o que nunca existiu. Comecem logo questionando o volume de produção de ferro que está ameaçando esgotar a mina duzentos anos antes do previsto.

Por fim, se a Frente Parlamentar fosse para valer deveria ser presidida por um parlamentar com conhecimentos técnicos capaz de conversar com os dirigentes da maior empresa estatal brasileira e uma das maiores exportadoras de minério do Mundo. Raimundo Santos, quando for conversar com o CEO da Vale, vai sacar de sua sanfona e fazer um forro assim: "eu estou de olha é na butique deles..."

O Pará, com esta Frente, continuará correndo atrás do prejuízo.

 

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