Neste dias, meu filho que estuda no Santa Catarina envolveu toda família para ajudá-lo a montar uma peça baseada no texto "Dona Paula" de Machado de Assis. É leitura obrigatória do vestibular. A literatura machadiana é difícil, trabalha com as fraquezas humanas e o cotidiano. Meu filho e o seus colegas de equipe estavam participando da feira de ciências do colégio, bela e profícua maneira de estudar.
Montaram a peça e apresentaram na sexta-feira, ficou muito boa para os padrões exigidos. Tenho certeza que eles aprenderam muito sobre literatura e isto fará a diferença no vestibular que prestarão.
Fui assistir a peça. Fiquei concentrado e nervoso, pai é sempre assim. No meio das apresentações, porém comecei a divagar e pensar nas escolas públicas e na qualidade de ensino que a educação pública presta aos brasileiros. Pensei que os meninos e meninas que estudam nestas escolas vão se enfrentar com os do Santa Catarina, Nazaré, Gentil, Santa Rosa, no exame vestibular e como será desigual este enfrentamento.
Qual é a saída? estabelecer cotas para escolas públicas, tratando desigualmente os desiguais? Acredito que esta é uma solução paliativa. O bom mesmo é pensar como as escolas públicas podem ganhar a mesma qualidade das escolas privadas e deixar a cota apenas para equilibrar o que a diferença econômica e social das pessoas desequilibra.
Não podemos continuar aceitando que a escola pública seja tratada com a mesma irresponsabilidade como vem sendo conduzida há muito tempo. Não falta dinheiro, esta desculpa não cola mais. Falta é vergonha na cara de gestores, professores e políticos, todos são responsáveis. O professor que quer apenas um contra-cheque é dá uma aula empobrecida é tão responsável quanto o político que superfatura o material didático ou a merenda escolar. O diretor que abandona o prédio e as orientações pedagógicas a própria sorte é tão culpado quanto o secretário de educação que usa o cargo em benefício próprio.
Educação leva 25% de todo orçamento nacional que leva 40% da produção nacional. Tem dinheiro para prestar um bom serviço. Vamos exigir.