O Doutor, professor da Universidade Federal do Pará, advogado de grande saber jurídico e bragantino acima de qualquer título, Paulo Weyl, postou um comentário a cerca dos números do Censo do IBGE que divido com vocês.
Caro Zé.
Quem faz política, e preocupa-se honestamente com o bem estar, precisa interpretar bem esses números (ou vai continuar a falar bobagem por ai).
O Pará recebeu a metade do crescimento populacional de toda a região norte, em 10 anos.
Caro amigo. Se temos dificuldades, em condições normais, de dar conta dos déficits de saúde, educação, saneamento...então, imagina, como suportar a resolução dessas questões mediante o aumento da pressão por prestação de serviços.
Não quero justificar nada de ninguém, até porque recuso às avaliações políticas pautadas pelo conceito já formatado (que muitos podem até chamar de preconceitos, mas ai muita gente vai ficar zangada, recusando o conceito, então, prefiro a expressão, conceito já formatado).
Veja Zé.
Esses números mostram que o poder público, a Assembléia Legislativa, precisa pensar o Planejamento do desenvolvimento humano para o ano 2025, o primeiro quartel do século XXI, como tenho dito, pautado em tendências que se desenham por esse corte comparativo 2000/2010, combinado com a leitura da conjuntura econômica, que aponta para investimentos diferenciados em determinadas regiões/municípios.
O Estado do Pará, mediante essa tendência, pode realizar desenhos diferenciados, mediante a classificação de municípios levando em conta essa tendência.
É que há municípios que mantém a população quase inalterada; outros cujo aumento populacional mantém-se de forma equilibrada, em torno de 10% a 20 % ( o que já não é tão pouco assim).
Há alguns, todavia, que tem crescido de 30% até mais de 100%, como é o caso de Parauapebas.
Trata-se de um caso impar. Chamo atenção, mesmo considerando toda a riqueza gerada nesses municípios, o poder público municipal´será incapaz de suportar o vertiginoso crescimento.
Caso não tenhamos uma ação coordenada, com a intervenção do Estado, da União e dos Municípios, de forma orgânica e planejada, teremos invariavelmente o crescimento econômico proporcional ao crescimento da miséria humana, de todo tido de iniqüidades, de violência, de exclusão social.
Porque o crescimento econômico,por si só, caro Zé, não garante inclusão, não garante distribuição, não garante a atenção das demandas da sociedade.
Não é a toa que as cidades que citei tem se destacado na proliferação de formas diferentes de violência, distintas e em uma palavra, 'modernas' ou compatível com a violência dos grandes centros urbanos, de São Paulo e Rio de Janeiro.
Veja, para citar, a semelhança do desaparecimento de Eliza Samudio com o desaparecimento da moça Karina, em Pebas. Veja a recente execução do Magrão, em um baile Rave, em Parauapebas, com a eliminação por milícias realizadas na periferia de São Paulo, Rio de Janeiro, Espirito Santo e outras capitais.
Um abraço caro amigo
Paulo Weyl