As mudanças na estrutura do estado implementadas pelo governador Simão Jatene, embora uma jogada de mestre, devo reconhecer, nada tem de novidade, repete a fórmula do governo anterior, baseada na técnica de dividir o secundário, com aliados internos e externos, e centralizar o principal, apenas adaptando a fórmula ao novo desenho político, fruto da sua última aliança, que além das forças internas do PSDB, agregou o PPS e o PMDB.
No novo desenho, Jatene foi hábil o suficiente para ficar com o poder real, dividir a fração com as facções do atual PSDB e ainda por os aliados sob a vigilância pessoal. Como?
Os dois únicos partidos convidados ao Olimpo, onde estarão os super secretários, foram o PPS e o PMDB, mas subiram sem a permissão de circular livremente pelo paraíso, terão que se contentar com as restrições, desempenhar funções específicas e ficarão sob a supervisão direta do Governador.
Helenilson Pontes e Antônio José serão coadjuvantes nas atividades para as quais foram nomeados. A gestão continuará sendo tocada diretamente pelo Governador e por Sérgio Leão ou vocês acham que Bacuri, Tostes e Alice Viana irão se reportar ao vice? Helenilson Pontes já foi preterido no caso Belo Monte quando o Governador escalou Nícias Ribeiro para gestor, em nome do Estado, do Programa de Desenvolvimento Regional Sustentável do Xingu e agora terá a missão apenas de suprir a deficiência técnica de Zeus, a quem caberá a palavra final.
Antônio José, que não ganhou o título de secretário especial, terá como exclusiva atividade, ajudar o Governador a interpretar o humor do PMDB e de seu principal cacique, Jader Barbalho. A ação de Antônio José será importante para manter o Olimpo em paz com o mundo inferior, onde habitam as pessoas vorazes por privatizar recurso público.
Quanto ao PSDB, Jatene contemplou as três principais forças internas, com as quais é obrigado a conviver, dando-lhes a parte dos recursos carimbados e supercontrolados para administrar e uma agenda mínima para cumprir.
Na montagem do cenário político para 2012, Zenaldo e Nilson, um na saúde e assistência social e o outro na educação, devem usar o poder dos recursos de suas áreas para montar a base municipal do PSDB, fazendo relação direta com os prefeitos através de repasses de verbas e contração de pessoal.
Sidnei Rosa, outro força dos tucanos, ficou com o setor produtivo, com pouco orçamento, mas com uma larga margem de relacionamento com empresários.
Sérgio Leão, a segunda pessoa mais importante no governo, caberá a missão de auxiliar o Governador nas suas chatas tarefas burocráticas, tocar a agenda máxima, controlar todos os recursos livres do orçamento destinados a investimentos, incluindo os empréstimos autorizados pela Assembleia e todo os restos a pagar, uma bolada boa.
A demonstração de como Sérgio Leão estará assoberbado nesta sua grandiosa missão veio no próprio ato de posse dos secretários. Do pacote de obras anunciadas, dentre elas reparar os dois enormes sumidouros de recursos públicos, a PA-150 e a Alça Viária, ficarão sob a responsabilidade de Leão.
Ainda falta acertar os papéis de André Dias, Wandenkolk e Flexa Ribeiro. O senador Mário Couto, que ousou enfrentar Jatene nas prévias internas do PSDB, não perturbará tão cedo, pois estará muito ocupado na defesa de alguns empresários laranjas e ex-auxiliares envolvidos no caso ALEPA.
A diferença entre a reforma de Jatene e da ex-governadora Ana Júlia é muito pouca, mas significativa, diminuiu o número de tendências nos governo, o núcleo duro é muito mais duro e Jáder terá que aceitar o comando sem tugir nem mugir.