Falar da violência não me agrada, acho que não agrada ninguém, mas é preciso que falemos sobre o problema que aflige muitas famílias paraenses, as que foram vítimas, as que tiverem amigos ou conhecidos envolvidos em violência e até aqueles que presenciaram cenas violentas do quotidiano, como as pessoas que aguardavam tranqüilamente seus carros num lava-jato ali na Pariquis, quando dois homens de capacetes, armados e numa moto, ordenaram a um rapaz de vinte anos, lavador de carro, que deitasse e se preparasse para morrer, em seguida, mesmo com os apelos desesperado do jovem em plena flor da idade, o matador fez vários disparos e saiu andando em direção ao veículo que o aguardava, foi quando um vigilante de uma farmácia próximo, também armado, resolveu persegui-lo, havendo intensa troca de tiros, sendo que o assassino levou desvantagem e foi morto.
Duas mortes em poucos minutos e na frente de cidadãos de bem. Ao tomar conhecimento desta história pela minha esposa que era uma das clientes da lavagem de carro, lembrei-me que naquele mesmo local trabalhava a pessoa suspeita de matar o esposo da pediatra dos nossos filhos.
Passado alguns dias, nem bem tínhamos nos refeitos do choque causado pelas duas mortes violentas, outra notícia ruim, dois homens numa moto e de capacete, armados, foram até o comércio, em plena Rua Campos Sales, um deles, o carona, invadiu uma loja de miudezas e executou outra pessoa, tudo na cara-dura e na frente dos fregueses, que não eram poucos.
Na semana seguinte a estes fatos, a sociedade abaetetubense, chamada pelo Bispo, foi as ruas pedindo paz após um fim de semana para lá de violento, onde oito pessoas foram executadas. Na mesma semana, os tranquilos turistas que vinha da Ilha do Marajó, foram surpreendidos por piratas que invadiram o barco da linha, armados, fizeram todos os tripulantes e passageiros reféns, roubando tudo que foi possível roubar.
Visitando Bragança no feriado prolongado, percebi pelo relatos e pelas atitudes das pessoas o quanto aquela pacifica e histórica cidade está violenta. Basta provocar um dialogo para as pessoas relatarem profusões de assaltos, mortes violentas e caso de trafico ou consumo de drogas. A propósito, no sábado, dia consagrado as festas de São João, ocorreu uma perseguição em plena avenida principal, felizmente o criminoso não teve êxito.
Relatei aqui apenas as execuções e roubos que foram destaques pela ousadia dos bandidos, porém não são poucos os crimes que estão abalando o cotidiano dos cidadãos paraenses. Então, o que fazer? A policia tem feito sua parte, os jornais informam que o Pará tem um superpopulação carcerária e a maioria dos presos ainda não foram julgados, isso indica que a polícia está atuando, e por que os crimes e a violência não cedem no Pará?
Jatene fez muito pela segurança pública no primeiro governo e está fazendo também agora. Ana Júlia trabalhou muito combatendo o tráfico de drogas, os crimes de execução e implantando a policia cidadã, mas mesmo com o esforço dos nossos governantes a violência não dá sinais que cederá no curto prazo.
Então, por mais duro que seja o assunto, só nos restas conversar e nos esforçar coletivamente para encontrar soluções, a união de governo e sociedade é a chave para implantar uma cultura de paz no Pará.
O alvo das atenções deve ser as pessoas com suas famílias. Fortalecer a unidade familiar e os valores históricos, com a noção do que é certo acumulado ao longos de milhares de anos pela humanidade na sua caminhada civilizatória me parece essencial neste momento.
Os pais e as mães brasileiras precisam de apoio das Igrejas, dos clubes de serviços, das escolas e das políticas públicas de inclusão para criar seus filhos como cidadãos de bem. Com tantas informações, muitas de objetivos duvidosos, a disposição da juventude, pais e professores estão perdendo autoridade para educar, isto é grave, pois atingem a transmissão de valores. Sem censurar ninguém, pois odeio censura, precisamos criar um padrão televisivo mínimo que não permita que a exceção vire regra ou que o estímulo a violência seja medido apenas pelos índices de audiência.
Os cientistas devem ser convocados urgentemente para detectar onde estamos errando no tratamento da causa geradora da violência. Oposição e situação precisam entender que este é um problema de Estado e não de governo. Proponho que Simão Jatene convoque todos os partidos políticos, os que lhe apoiaram e os que lhe deram combate, todas as Igrejas, as instituições respeitadas da sociedade civil, a academia, para a formação de um organismo suprapartidário de cultura de paz. Os governos erram ao querer resolver sozinho o problema para apresentar como trunfo eleitoral. A sociedade é sempre mais forte que qualquer governo. Os homens de bem são maioria e não podem ficar reféns de uma minoria de foras da lei.