Vamos parar Belo Monte

Estive na audiência com o ministro Edison Lobão e depois participei de um seminário na UNB. Ouvi o Ministro dizer que se não for feito Belo Monte o Brasil vai parar o seu desenvolvimento. Ouvi também os discursos dos antropólogos e outros, de outras categorias da ciência, reunidos com indígenas, ribeirinhos e representantes de entidades ambientalistas, questionar-se: desenvolvimento pra que e pra quem?
Depois fui até o Centro de Desenvolvimento Sustentável da UNB, conversar com o Diretor, professor Elimar Nascimento. No meio do papo sobre o futuro do Planeta, surgiu Belo Monte. O Professor então deu sua sentença: Se não mudar o atual modelo de desenvolvimento, de tantos em tantos anos, precisaremos construir novas Belo Monte.
Hoje, voltando de viajem, abro o Liberal e encontro um caderno especial, encartado, financiado pela Companhia Vale do Rio Doce, assinado pelo senhor Armando Soares, atacando as ONG's e defendendo coisas absurdamente devastadoras para o meio ambiente. Para este Senhor o Código Florestal deveria estar sendo discutido apenas pelo Governo e pelos produtores. Armando acalenta um sonho: "Imaginem o Brasil sem ONGs" . Ele mesmo morreria de fome, pois não receberia o soldo da ONG a serviço da devastação que ele representa. Soares é defensor de um modelo de desenvolvimento predatório, injusto e que provoca grandes desigualdade econômica e social, é incomodado com as vozes discordantes das ONGs sérias que defendem outro forma de utilização e distribuição dos recursos naturais.
Estava quase me recolhendo para ler e pensar sobre as indagações que ouvi, recebo um pacote enviado pelo vereador do PV de Santarém, Valdir Mathias Júnior, nele tinha alguns exemplares da última edição do Boletim de prestação de contas do mandato, por sinal muito bem escrito e de boa apresentação, e uma cópia do jornal Estado do Tapajós, dirigido pelo jornalista Miguel Oliveira. Lá, grifado, uma matéria assinada por uma tal Paulo Leandro Leal Xingando a mim e ao Vice Governador por estarmos defendendo que Belo Monte respeite as leis ambientais, as pessoas e o Pará. Leandro, empresário da Região, acredita que os nossos esforços em ir até o Ministro das Minas e Energia podem atrapalhar a construção da Usina e o desenvolvimento do Xingu. Paulo vive a soldo de Luis Tremonte e seus planos madeiros, cujo o lema é: floresta boa é floresta serrada, pronta para exportação. Depois de ler o artigo e os ataques, mais uma vez me fiz a pergunta dos estudiosos: desenvolvimento pra que e pra quem?
As autoridades dizem que não repetirão em Belo Monte os erros de Tucurui, mas eu, sinceramente, não acredito. Os construtores querem é os trinta bilhões do Governo e só atenderão as questões sociais e ambientais inevitáveis.
A Vale, que financia o caderno para o Armando propagar as teses dos devastadoras, é amiga da Camargo Corrêa, da Odebrecht, da Alston e de tantas outras grandes empresas, que sabem qual o modelo de desenvolvimento que lhes interessa.
Uma pena que as ONGs vivam de pires na mão e não tenham recurso para financiar o clamor dos ribeirinhos da Ilha da Fazenda, dos bairros periféricos de Altamira, das populações indígenas do Xingu. Se o grito dos excluído pudesse chegar as praças egípcias, responderíamos qual e para quem deve ser o desenvolvimento.
Por enquanto as ONGs contam com apoio do presidente nacional da OAB, Ophir Cavalcante, com o presidente da Seccional do Pará, Jarbas Vasconcelos, comigo, como presidente da Comissão de Meio Ambiente da Ordem, com o conselheiro Mauro Santos, com o vice-governador Helenilson Pontes.
Vamos parar Belo Monte até que as condicionantes sejam cumpridas, é o mínimo que podemos fazer pelo futuro das pessoas e do estado do Pará. Tem que ser agora, pois em Tucurui esperamos vinte anos para que as pessoas da região recebessem um pouquinho de energia elétrica nas suas pobres residências.
zecarlosdopv@gmail.com


 

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