Acabo de receber a Veja Amazônia. Uma edição para falar mal da Região. Sob o título “O peso do homem na Amazônia”, Veja traça um quadro dantesco sobre nós. Os subtítulos dão uma idéia do que vem em detalhes: Vida moderna a preço de caça; O desmatamento; O caos urbano; A energia mais suja do Brasil; Onde a lei é um detalhe; O avanço sobre a floresta; A falta de saúde assusta.
Depois de ler tudo isto, será que dá vontade de investir na região? De trazer o turismo e os turista? Por que que a Veja Rio e a Veja São Paulo só mostram pontos turísticos, melhores restaurantes, melhores lugares de lazer e a da Amazônia é para contar desgraças?
A Revista destaca mais o estado do Amazonas, também é o único governo local anunciante. Quando enfoca o Pará, é de dá dó. A Veja diz que Belém lança nos rios e igarapés 92 milhões de metros cúbicos de esgotos, volume equivalente ao de quinze lagoas Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro. Não diz a revista que o Rio de Janeiro não é exemplo de tratamento de esgoto e que a própria Lagoa Rodrigo de Freitas é poluída por esgotos.
Dai por diante a Revista, quando aborda o Pará, vai mostrar a Transamazônica e seus atoleiros; As serrarias desativadas de Goianésia; Trairão e suas mazelas. Para finalizar, com um tacada sensacionalista, a Revista chama Abaetetuba de a Medellín Brasileira, dizendo que a Cidade é uma das principais portas de entrada da cocaína no Brasil.
Tem sim uma pequena reportagens positiva falando do uso manejado de floresta no Jari e da produção de biodiesel da Agropalma. Ainda bem que o Governo do Pará não financiou este acinte.
Veja só não diz que o principal anunciante da revista especial, o Governo de São Paulo, é responsável pela política tributária colonialista, que impõe a região amazônica produzir matéria prima para contribuir com o saldo da balança comercial brasileira, sem poder cobrar imposto das suas exportações. A Lei Kandir e o Confaz estão por trás do caos da Região. Tudo que aqui existe de mal foi planejado nos gabinetes refrigerados de Brasília. Que passamos 30 anos da ditatura sem poder opinar sobre os nossos próprios destinos.
Chega de uns jornalistas paulistas chegarem aqui, com suas pautas prontas, com olhar estranho, parecendo piedosos, com uma pena pior do que a de Pero Vaz de Caminha, para nos descrever desta forma. O pior que ainda tem colonizado que acha bom.
Não quero dizer que devemos esconder nossas mazelas, mas ter mazelas não é o nosso privilégio. Chega. Vamos falar da região de forma justa e serena.
Saibam que o Norte não é com “M” e para vocês dedico com carinho a música Belém, Pará, Brasil do grupo paraense Mosaico de Ravena: