Hoje (11) pela manhã participei, no Fórum Cível, de uma cerimônia de entrega dos certificados aos adolescentes que sofreram medidas sócios-educativas.
A dra. Odete, juíza da segunda vara da infância e da juventude, estava triste, pois este ano dos mais de 500 jovens enviados para as instituições, pouco mais de oitenta conseguiram cumprir as medidas e chegar até a cerimônia. “O número daqueles que cumprem a medida está diminuindo a cada ano”, disse-me a Juíza.
O cerimonial chamou dois adolescente para receberem, em nome dos demais, os certificados. Coube a mim entregar um. O Jovem ao microfone agradeceu a confiança e o carinho das funcionárias que lhe ajudaram a vencer a batalha, mas disse que dentro dele houve um querer que o fez mudar, isto foi fundamental.
Quando entreguei o certificado ao rapaz, seus olhos cruzaram com o meu e os meus pensamentos se transportaram para minha adolescentes pobre no bairro do Guamá. Comecei a chorar e agradecer ao destino.
Tantos caminhos tortuosos abriram-se à minha frente, tantas foram as ciladas que a vida me preparou e não caí graças a força da minha mãe e das pessoas amigas que me deram a mão na hora certa, dentre elas minha madrinha Joaquina.
Hoje ao ver aquelas mães e pais acompanhando seus filhos em uma cerimônia, na qual o Estado, após puní-los e socio-educa-los, os largava de novo, com um certificado de bom comportamento, nas ruas desta nossa Cidade, chorei e chorei muito.
Muito dos meus colega de infância e de adolescência do Guamá ficaram entre os que não foram para cerimônia. Outros receberam o certificado mas continuaram excluídos. Por isso chorei e choro
O estado brasileiro não vai conseguir tira-los da merda em que vivem. A cada ano, infelizmente, mais jovens cometerão infração e menos jovens conseguirão o certificado. Choro e choro muito, mas peço ao destino que ampare mais e mais jovens. Peço as mães que nunca desistam de seus filhos. Peço as fadas-madrinhas que Deus as proteja. Por fim peço a DEUS que faça arder no fogo e no enxofre os corruptos, responsáveis barrar as oportunidades deste jovens e adolescentes, por por eles eu nunca chorarei.
