Almir Gabriel deixou o PSDB

Foi surpresa para mim a saída de Almir Gabriel do PSDB. Almir fundou o Partido no Pará e no Brasil (sendo inclusive candidato a vice-presidente do saudoso Mario Covas) e o carregou, juntamente com os históricos, as vitórias em 1994, 1998 e 2002.

Em 1994 assumiu o Governo do Pará, derrotando o candidato de Jader no segundo turno, Jarbas Passarinho. Almir recebeu um Estado completamente destroçado. Folha de pagamento atrasada, estradas esburacadas, 50% dos municípios sem luz elétrica 24 horas, empréstimos de curto prazo vencidos e não regatados, Estado inadimplente e sem crédito junto ao Governo Federal e fornecedores.

Dizem que a imagem encontrada no Palácio dos Despacho era de completa destruição. Isto não era propaganda, não. Acompanhei de perto, como deputado e membro da Comissão de Fiscalização Financeira da Assembléia Legislativa, a situação orçamentária e financeira do Estado, eu era o líder do Partido dos Trabalhadores.

De 1995 até 2002 Almir Gabriel governou o Estado. Naquele período, saneou e pagou as dívidas, modernizou a administração e a arrecadação cresceu bastante. Baixou as despesas de custeio e aumentou os investimentos. Apostou em infra-estrutura recuperando a malha viária, construindo novas estradas, fazendo a ligação das regiões isoladas. Com boa relação em Brasília, e contando com apoio de deputados como Anivaldo Vale, Gerson Peres e Giovani Queiroz, o Governador conseguiu recursos para levar energia a todo o Estado.

Cometeu erros? com certeza sim. Na condição de líder da oposição, não deixei passar o menor deles e o combati duramente em várias e memoráveis ocasiões, sempre com civilidade e focado no interesse do Pará, mas reconheço aqui o valor que teve para os rumos do nosso Estado.

Em 1990 o PT apoiou Almir Gabriel para o Governo. A  chapa era Almir e Raul Meireles como candidatos a governador e vice; Ademir Andrade candidato a senador – lembram do senador coragem? o suplente era o advogado Egídio Sales. No escritório do PSDB poucas pessoas estavam lá para segurar o piano. Lembro do Ronaldo Barata, Paulo Elcídio e da Benvinda. Na coordenação de campanha estava o Newton Miranda, Edilza Fontes, Simão Jatene, Arnaldo Jordy… Nos municípios, contava-se no dedo quem nos apoiava. Não tinha recurso para quase nada. Pagar a produtora era um tormento; cartazes eram contados; carro para as viagens não tinha.

Em Bragança falamos para meia dúzia de pessoas na antiga Praça das Bandeiras. Em Ananindeua contávamos com o trabalho do dr. Sanova de saudosa lembrança. Quando as últimas pesquisas apontaram na direção de uma derrota certa muita gente abandonou o barco. O senador Almir Gabriel não esmoreceu e foi até o último comício em Moju, lá estava eu, Jordy, Paulo Rocha, Homobono e uns poucos que ficaram até o final.

Perdemos a eleição com muita dignidade, mas o PT elegeu a maior bancada de sua história, seis deputados. Um bancada aguerrida que não deu um minuto de sossego ao governador Jader Barbalho. Foram dezesseis CPIs, todas com substância e um bem fundamentado requerimento da lavra do saudoso Geraldo Lima.

Contei esta história, porque aprendi, recentemente, com o governador Simão Jatene, que tem muita gente que acha que a história começa quando ele chega. A história do PT, do PSDB e do Pará tem um pouco de Almir Gabriel dentro dela. Por isso, meu respeito a este grande paraense.

 

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