Lúcio Flávio Pinto, num primor de análise, afirma que o Pará está maduro para o surgimento de uma nova liderança, mas que não se avista despontando no horizonte qualquer novidade neste campo. É verdade.
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Lembrei-me que logo depois das eleições municipais ouvi falar em dois nomes querendo alçar vôos mais altos. Sidinei Rosas e Tião Miranda.
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Sidinei Rosas é ex-prefeito de Paragominas e atual vice-presidente da FIEPA. Ele tem no curriculum a transformação do município de Paragominas. Antes do grupo de empresários liderados por Sidinei o município era conhecido como Paragobala. Das lideranças locais, todas da política tradicional, uma era o irmão do ex-deputado safoneiro Raimundo Santos e a outra era um cidadão cartorário ligado a Jader Barbalho. Empresários que apareciam por lá estavam vinculados a morte no campo, a violência do trabalho escravo, o desmatamento ilegal e a produção de carvão. A cidade era suja. Pela manhã não era possível avistar o céu por causa da fumaça das carvoarias. Até a esquerda era representada pelo grupo do polêmico deputado João Batista.
Paragominas hoje é um município respeitado. Implantou-se a paz e organizou-se a produção. Continuou o desenvolvimento, mas com respeito ao meio ambiente. Em termos administrativos a Prefeitura aboliu o clientelismo e aposto no cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal o que fez sobrar recursos para investir melhor.
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Tião Miranda, atual superintendente do SEBRAE, fez parte de um grupo de novos políticos e empresários, que resolveu banir da política de Marabá o crime organizado, apoiado pelo PMDB paraense, simbolizado na figura de Vavá Mutran, único condenado por um crime que foi anistiado oficialmente pelo Estado Paraense num processo obscuro ai pelos idos de 1993.
Os pioneiros desta batalha foram o ex-prefeito Haroldo Bezerra, Ademir Martins, Vanda Américo, Júlia Rosa. Tião Miranda herdou esta luta da mão do médico Veloso e conduziu um processo de modernização da política local. Hoje Marabá não está bem administrada, mas já está distante da terra sem lei. Das mortes violentas, como a do advogado defensor dos direitos humanos Gabriel Pimenta e tantos outros.
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O Baixo-amazonas, nos últimos pleitos, gerou muitos bons administradores, mas todos com o umbigo muito bem enterrados nas suas cidades. A espera da possível criação de um novo Estado, não fazem política com amplitude necessária.
Maria do Carmo, depois de fazer uma campanha estadual, recolheu-se aos encantos do çairé e das praias do Tapajós.
Jardel Vasconcelos, após um brilhante mandato como prefeito de Monte Alegre, resolveu apontar a esposa Josefina como deputada e esperar uma nova oportunidade para voltar a dirigir seu torrão e se deliciar com o melhor acari da região.
O mesmo aconteceu com o prefeito Gonzaga de Oriximiná, fez obras perenes que deram ao município o símbolo de um município saneado e drenado, mas fincou sua meta em um novo mandato de prefeito e só.
O resultado é que a representação da região acabou na mão do líder da emancipação Odair Corrêa, um vice-governador sem brilho e aquém da importância da região que poderia representar e ainda abandonando a principal bandeira que o levou ao posto.
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Sidinei ficou preso as amarras do seu partido o PSDB esperando o reconhecimento que nunca chegou, hoje está fora do páreo. Tião quis um vôo solo, mas errou na organização da sua própria sucessão e acabou fracassando nas urnas e adiando seu próprio futuro político, agora com poucas opções. Uma das quais a de vice-governador na chapa de Ana Júlia.
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Concordo com Lúcio Flávio, alternativa nova está difícil de despontar no horizonte deste 2010. Então vamos nos exercitar com o que está posto, assunto a ser tratado mais a frente.