Eu gosto do Dr. Luis Fernando, atual secretário de segurança pública do Estado. Gosto porque é um homem sério e muito trabalhador, mas não gosto quando ele apela por um pacto pela paz, não que eu não goste de pacto ou não queira a paz. Quero paz, mas não tenho como fazer o tal pacto, então fico me achando culpado pela violência.
Como é que eu como cidadão, que só desejo viver em paz, vou fazer um pacto. Pacto com quem? Com o Estado? O Estado já leva 40% de tudo que eu ganho e uma parte da minha liberdade, prometendo me retribuir com a paz social.
Pacto significa que os dois lados devem abrir mão de alguma coisa para chegar a um bom termo, então eu me pergunto, o que mais querem de mim? O Estado, este sim pode abrir mão de mordomias, de incompetentes, de corruptos, de lenientes, para prestar-me um bom serviço de segurança pública.
Eu não posso é fazer pacto com os assaltantes, com os traficantes, com os grupos de extermínio, com os golpistas, com os abusadores de crianças, com os promotores de festas barulhentas que tiram a paz e sossego da Cidade. Não me peçam isso, por favor.
Para eles eu já cedi o que tinha que ceder. Não ando em qualquer lugar de Belém, não frequento qualquer tipo de evento, minha família não sai de casa a qualquer hora, abandonei o prazer de morar em uma casa térrea e fui para a segurança de um apartamento, e mesmo assim fui assaltado.
Meus filhos pediram para que fosse com eles comprar um game, existe passeio mais inocente que esse? Escolhemos os jogos, pagamos, quando estávamos de saída, dois marginais entraram armado e nos renderam, fiquei humilhado na frente dos meus dois filhos menores, levaram carteira com dinheiro, cartões e documentos, aparelho celular, mas nos deixaram vivos. Registrei a ocorrência, apenas para usar o BO como comprovante perante o banco e a empresa de telefonia, pois sei que os policiais nunca arredaram da seccional para fazer qualquer investigação atrás dos meus pertences.
Então Dr. Luis, continuo lhe respeitando e lhe admirando, mas não tenho como participar deste pacto, embora queira muito viver em paz. Se eu tiver como ajudar de outra maneira, estou a sua inteira disposição.