Homília do aniversário de Belém

Padre Ronaldo, celebrante da Missa, na Igreja da Sé, que deu início as festas de comemoração dos 395 anos de Belém, fez uma bela homIília escrita, que disponibilizou, por isso foi possível reproduzoir aqui para o conhecimento de todos.

Senhor Prefeito,
Senhores e Senhoras,
Irmãos e irmãs,

A leitura que escutamos do livro dos Números é uma fórmula de bênção. Ela reflete a resposta de Deus ao esforço que o homem faz para manter-se puro diante dele e à sua dedicação em servi-lo na comunidade dos fiéis, como seu instrumento mais sublime.
É uma bênção na qual o rosto de Deus que se volta para o povo é todo o Deus que se dá àqueles que o procuram e o aceitam, quando Ele se revela e se mostra como o Único a ser obedecido, a medida de nossas ações.
Assim como o sol ilumina a natureza, Deus ilumina o homem, que reina sobre a natureza e a usa com sabedoria para encontrar sua felicidade e a vida justa. É o que lemos no livro dos Provérbios, que diz: "Na luz da face do rei está a vida" (16,15). É um contraste com o sentimento que se tem em tempos difíceis, quando se pensa que Deus oculta a sua face e abandona o seu povo, como se isto fosse possível a Deus, que é fidelidade e ternura.
Na bênção, pedimos que Deus faça resplandecer seu rosto sobre nós, que o seu cuidado amoroso não se afaste de nós, e que sua "completude", a sua paz, o resumo de todas as sua bênçãos, se derrame sobre todo o seu povo.
É tanta nossa confiança, que o salmo troveja em nosso coração como o coroamento da exaltação de Deus, que "julga o universo com justiça, governa os povos com retidão e guia as nações".
Esta é, certamente, a síntese perfeita da celebração que fazemos , do louvor que dirigimos ao Senhor Deus, fonte da nossa alegria, pois festejar a fundação de uma cidade não é só recordar uma data cívica, que hoje, infelizmente, poucos dão algum valor. É mais do que isso.
É trazer para o presente o ato original e primordial, o dia 12 de janeiro de 1616, tornado realidade pela obra de um homem que se fez fundador, porém, quiçá, mais instrumento nas mãos do verdadeiro Idealizador da cidade. Assim, esta cidade não nasceu da vontade ou da necessidade de uns poucos homens, que queriam tomar posse de uma terra estranha, mas da vontade de Deus que queria que aqui vicejasse a terra dos seus sonhos, lugar de fartura de bens e de paz para todas as pessoas.
Assim está sendo Belém, construída, ao longo destes 350 anos, pelas mãos de tantos homens e mulheres, que decidiram construir aqui a sua história. Para os que amam esta cidade, ela é mais do que um amontoado de prédios e casas, um emaranhado de ruas e avenidas. Ela é, sobretudo, a reunião de pessoas que têm os mesmos direitos e participam, a seu modo e em graus diferentes, da administração dos seus interesses comuns.
Não a vemos acabada, mas em contínuo crescimento, não só físico, mas também na perseguição do ideal de felicidade, a que todos têm direito.
A felicidade e a vida constituem o núcleo da bênção que o Senhor quer derramar sobre nós, no dia de hoje, para que os próximos cinco anos, quando completaremos 400 de existência, sejam de prosperidade e concretização desse ideal e completemos a nossa busca.
Este núcleo poderíamos chamá-lo de bem comum, que, embora esteja sempre em referência ao ser individual, ao homem em particular, sobrepuja os interesses particularíssimos, concretizando-se sempre no conjunto das condições sócio-culturais que consentem e favorecem o desenvolvimento integral de todas as pessoas, em suas necessidades do corpo e do espírito.
Assim, este bem comum exige de todos nós união e ação coordenada, envolvendo todos os organismos sociais, as pessoas de boa vontade e, principalmente, pessoas de fé, para que cada pessoa usufrua do direito à felicidade que almeja.
Esta felicidade não pode ser alcançada, sem que os corações de todos nós estejam voltados para o portador da bênção e abertos para a luz que dele emana.
Esta é uma jornada de fé, que exige firmeza de propósito, determinação e certeza quanto ao objetivo, como realização do sonho de inicial de Deus, para o que Ele constrói, mesmo que seja pelas mãos humanas.
Este foi o caminho que os pastores fizeram "às pressas", não perdendo a oportunidade que Deus lhes mostrava para o encontro que mudaria para sempre não só a vida deles, mas de toda a humanidade. Os momentos únicos pelos quais somos responsáveis são intransferíveis, são nossos e correspondem às nossas atividades como operários na vinha do Senhor, trabalhadores no seu campo.
Somente após este encontro, os pastores voltaram para suas atividades "glorificando e louvando a Deus, por tudo o que tinham visto e ouvido".
Eis que agora estamos nós aqui, vendo e ouvindo as maravilhas que Deus já fez em nossa cidade, e ainda fará, se nós não lhe negarmos nenhum esforço para fazermos a construção dos seus sonhos, a cidade em que queremos morar, Belém do Pará, que todos os dias amanhece e vive sob o olhar materno da Virgem Maria, a quem foi consagrada.
Que Santa Maria de Belém seja a guardiã deste projeto de vida e vele sobre todo o seu povo. Amém.

Enviado do meu BlackBerry® da Oi.

 

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