Esta foto é do album "Belém da Saudade" lançado pela Secult na época do secretário Paulo Chaves, no primeiro governo do dr. Almir Gabriel, que reuniu uma série de cartões postais reunidos por famílias e colecionadores. Pois bem, o Diário do Pará lançou um album com estas fotos, uma boa iniciativa, faltou o crédito, talvez, mas isso é apenas um detalhe.
A foto que vem na edição deste domingo, é a que está em cima, do Grande Hotel. Para quem não conheceu, o Grande Hotel ficava ali na Presidente Vargas onde hoje é o Hilton.
Uma empresa paraense, ligada a pessoa que diz gostar muito do açai, comprou a área, recebeu um financiamento público e demoliu o belo prédio que se harmonizava com o Teatro da Paz, para no seu lugar erguer um feio edifício, totalmente desarmônico com o conjunto onde se intrometeu.
O que fazer? Nada. Apenas lamentar. Vivemos na Terra das injustiças, desde a época dos tupinambás que é assim. Outro dia perguntei ao cacique dos Xipaias, Luis Xipaia, o que ele achava da história oficial da fundação de Belém? E contei-lhe o que me contaram, que os portugueses, um belo dia, vindos de São Luís do Maranhão, aportaram aqui, em três barcaças, no final da tarde do dia 11.01.1616, mas apenas desembarcaram no dia seguinte, os Tupinanbás os receberam com tapete e tudo, viveram na paz durante anos. A história oficial relata apenas um desentendimento entre portugueses e indígenas no qual morreu o cacique "Cabelo de Velha".
O Cacique Xipaia me disse que não acreditava nessa história, pois se assim fosse os Tupinanbás continuariam ai, preservando suas tradições e não teriam sumido. Os tupinambás foram massacrados e destruídos, disse Luís. Outras tribos, de outros irmãos, como os tembés e os próprios xipais, mesmo com todo tipo de ataque, não estão ai para contar a história? Se os tupinambás tivessem sido tratados como diz a história oficial a cultura estava presente até hoje.
Preservar a cultura de um povo não é uma tarefa das mais simples, Paulo Chaves fez isso. O Diário do Pará, ao reproduzir os postais e oferecer aos seus leitores mais humildes, também faz. O comedor de açai, sem o sangue tupinambá, que apenas visou o lucro, não. Parabéns a todos os paraenses, como Flávio Nassar, que gostam da cultura e lutam para preserva-la