Os ribeirinhos não foram ouvidos
Daqui deste ponto, no sitio Pimental, o Xingu será barrado. Esse mundão de água será desviado por dois canais até a Casa de Força Principal para impulsionar 20 turbinas. De toda água que passava por aqui um pequena parte, acredito que menos de 10% verterá por sete pequenas turbinas, chamada de casa de força complementar.
A Volta Grande do rio Xingu sumirá. No seu lugar sobreviverá apenas um pequeno rio de menos de 10% do volume atual. As espécie aquáticas que vivem hoje ai, incluindo os peixes ornamentais, alguns raríssimos como é o caso do acará zebra, ou zebrinha, muito disputado pelos aquaristas, terão que fazer um enorme esforço de adaptação ao novo ambiente, como duvidas se conseguirão.
Os rio Bacajá e Bacajaí, afluentes do Xingu, acostumados a desaguar num rio caudaloso e de enorme fluxo, um dia vão chegar a sua foz e tomar um susto ao ver que a Volta Grande praticamente sumiu. Estes dois corpos d'águas precisaram se adaptar.
O povo Juruna e os Araras que bebem a água do Xingu, pescam neste Rio, lavam seus corpos e sonhos nas corredeiras enormes da Volta Grande e usam essas estradas para chegarem até Altamira; vão ter que se contentar em reduzir e interromper está longa relação amorosa com o Xingu.
O rio Xingu seco na Volta Grande secará a vida dos pescadores ribeirinhos, brasileiros apaixonados, que nunca forma ouvidos. Mas pode encher o leito seco, da outrora Volta Grande, de bateias e mercúrio dos garimpeiros havidos por um filão ou uma boa pedra incrustrada do metal amarelo e brilhos que a muitos seduz.
Todas as belas imagens publicadas nos post de Belo Monte foram clicadas por Ana Júlia Almeida. Não esqueçam que estas imagens estão com seus dias contados.