Sempre que chove tudo faz tempo na minha cidade

Olhar

As chuvas se anunciavam na tarde, os pensamentos quase sorriam para um futuro em flor que se-abria-não-se-abria. Passarinhos em bando costuraram um nome com linhas invisíveis perto dos aviões e pediram silêncio igual quando crianças, somos silenciados por nossos pais depois do almoço.

Olhava as imagens risonhas ou sérias do seu rosto quando seus cabelos originais pousaram nas minhas mãos. Lindos e infantis me fizeram lembrar que sempre que chove tudo faz tempo na minha cidade - fiz meu carinho e você dignou de segredo aquele dia.

Fiz o silêncio dos tímidos, como na hora de lembrar da infância. Senti saudade na saída, a dor da ida que nunca mais vai ser hoje. Daqui por diante, tudo simples como o sossego interior guardado no sagrado coração de uma fita vermelha.

Fiz a noite. Foi sem querer, depois da primeira vez, no som que seu afeto fazia, fiz oferências, como um mendigo falando ao vento, nada me incomodava. Eu sabia, foram seus olhos:

Para sua escuridão ofereço lágrimas. Chega de flores e sangue... Em uma noite igual a esta dançavam e cantavam na minha frente para meu coração estranho. O meu coração que sempre pensei que fosse eu... Mas o verso que há no universo, a letra que vai na estrela que cai... esse coração não sou eu.

Para os livros que trago nas mãos, se os olhos nunca se abrem, ofereço lágrimas. As páginas com infiltrações, você dizendo adeus, sem escrever saudade. Mas em toda parte tem arte e sempre em toda janela ela... As árvores onde moram os lagartos sombreiam frios e solidão, difícil ser água e sorriso... como é lindo árvore para as fotografias. Onde as nuvens pronunciam chuvas, nossos rebentos são trovões, em cama meu frio, meu cio ama, a noite se derrama em rama e ama, como em amar rama... revivo de chuva, molhado de não...

Uns homens ganharam fama, notáveis e grandes ficaram, você entre milhões como quem se veste de sumidouro. Eles deixaram de pensar e estão do outro lado, seus pelos nos becos, seus elos e ecos. Dançam, cantam, uns são meus parentes...

Olho você de papel e ofereço lágrimas!

Edmir Carvalho Bezerra

 

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