Centrais Sindicais fazem festa

Foi um avanço o reconhecimento legal das Centrais Sindicais?

Fui um dos fundadores da CUT, estava em São Bernardo do Campo em agosto de 2003, no frio estúdio Vera Cruz, depois de três dias e três noites dentro de um ônibus, junto com a delegação do Pará.

Lá assisti ao principal debate: se a CUT deveria nascer presidencialista ou colegiada. Venceu, sob o protesto de Paulo Paim, que até rasgou seu crachá e só voltou ao plenário depois de um apelo de LULA, o presidencialismo, coisa que alias nunca foi exercitado. Na prática a CUT é colegiada.

A briga de fundo era continuar lutando para que o Brasil tivesse apenas uma única central sindical em substituição ao sistema confederativo e pelo fim do imposto sindical. Tinhamos certeza que quanto mais dividos, mais frágil seríamos. Não conseguimos, pois hoje na comemoração, estavam a CUT, a Força Sindical, a UGT e todas as Confederações. O sindicalismo brasileiro está dividido.

Nestes anos de lutas é triste verificar que nosso maior avanço foi criar mais entidades sindicais, manter e mudar o rateio do imposto sindical, conquistando o direito de gastá-lo sem prestar contas a ninguém.

No meu tempo de Diretor da CUT viviamos nas ruas lutando junto com os trabalhadores e faziamos coletas para os panfletos e faixas. A sede da CUT Pará, por exemplo, foi adquirida com o salário extraordinário doado pela bancada do PT, formada por Zé Carlos, Babá, Edmilson Rodrigues, Miriquinho Batista, Aida Maria e Geraldo Pastana.

Hoje fazemos festas, regada a whisk, para parlamentares membros de um Congresso Nacional que está na UTI, segundo o próprio presidente do Senado, Garibaldi Alves, para comemorar a legalização da nossa divisão e o nosso afastamento dos trabalhadores.

A dura realidade é constatar que o sindicalismo brasileiro é imposto pelo Estado ao trabalhador e que a liberdade e autonomia é um privilégio apenas dos dirigentes sindicais, muitos dos quais são diretores eternos e encastelados nos sindicatos a revelia da sua classe.

Não quero acreditar que a morte dos companheiros do Baixo Amazonas no acidente de ônibus em Minas Gerais tenha servido para isso. Me recuso a crer que Virgilio Serrão Sacramento, Bandeira e tantos outros sindicalistas tenho perdido suas vidas em vão.

 

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