Participei, a convite do presidente nacional do PV, José Luiz de França Pena, do lançamento do filme sobre a vida do Cacique Xavante e deputado federal Mário Juruna no Museu do Índio em Brasília.
Durante a exibição fiquei me culpando por ter a mesma visão folclórica de muitos brasileiros sobre o cacique Juruna, como aquele que andava de gravador para todos os lados. Essa foi a imagem que os adversários da causa indigena e da democracia passaram para toda a sociedade.
O filme, porém, mostra um chefe indigena consciente da luta do seu povo, que percorreu órgãos públicos em busca da demarcação da área e dos direitos dos povos indigenas. Mostra a visão avançada que tiveram Darci Ribeiro, Leonel Brizola e o povo do Rio de Janeiro ao entregar o PDT e um mandato à Mário Juruna, para que ele representasse sua gente.
Juruna foi o primeiro índio a chegar ao Congresso Nacional, eleito deputado federal pelo PDT do Rio de Janeiro, em 1982, com 31.904 votos, lá representou todas as nações indigenas brasileira e conquistou o respeito para os seus irmãos índios. No filme aparecem o chefe Aninceto, Raoni, as Aldeias do Xingu, o xamã Sapaim e todos os filhos e parentes de Mário. Mostra, também, as derrotas e conquistas desses primeiros brasileiros.
Imaginem o choque cultural que esse "Ser da Floresta" enfrentou para defender seu povo? Pensem que Juruna foi eleito pelo Rio de Janeiro para integrar um Congresso que tinham Roberto Campos, Delfm Neto, Ulisses Guimares, Francelino Pereira, tidos e havidos com luminares da vida pública.
Era ditadura militar e o presidente Figueiredo viu na eleição de Juruna um exemplo de como o povo brasileiro não sabia votar. Ao contrário, hoje, depois desses anos todos, percebemos que o General é que não sabia o que estava falando. Que ficasse com seus cavalos! Nós, os brasileiros, ficamos com a democracia e com a liberdade.
Viva o Dia do Índio e viva o povo brasileiro. Minhas homenagens ao cacique Marcos Terena e todos os chefes indigenas desse país.