Imposto Sindical mantido por Lula

Quando comecei minha militância poítica tinha muitos idolos. Lula foi um deles. Lula fundou o novo sindicalismo e o PT, fui atraído pelos dois momentos e participei das lutas sindicais como fundador da CUT, da oposição sindical dos gráficos e da primeira eleição de 1982 com candidato do PT a vereador de Belém, só fui eleito em 1988.

Na CUT defendimos, com principal bandeira, a liberdade e autonomia sindical, que pressupunha a completa independência dos sindicatos, seja do estado ou dos partidos políticos. Para alcançar essa meta diziamos que era necessário o fim do imposto sindical, uma praga criada pelo varguismo para financiar os sindicatos amarelos, governistas e formados por pelegos, deixando morrer a mingua os sindicatos autênticos. Vargas venceu. Fortificou a estrutura sindical e consolidou o atrelamento sindical ao Estado, gerando anos de peleguismos.

Os sindicatos oficiais foram fundamentais para a vitória dos militares. Durante a didatura muitos sindicalistas, considerados rebeldes, foram expulsos do seio de suas categorias, presos e processados. Lula mesmo foi vítima de prisão e de intervenção no Sindicato dos Metalurgicos de São Bernardo.

Em meio a um congresso de trabalhadores metalurgicos Lula concluiu que precisavamos, além de nos organizarmos em sindicatos, participar da política e nos chamou a fundar o PT, para ganharmos o poder político do País e mudarmos as leis, principalmente aquelas que atrelavam os sindicatos ao Estado. Tudo deu certo. Criamos a CUT e o PT chegou ao Poder.

Foi justamente na gestão do PT que os parlamentares acabaram com o imposto sindical na Câmara, pensei comigo mesmo: se estivesse na CUT faria uma bela passeata em comemoração, mas os atuais dirigentes sindicais já não pensam com nós os fundadores e, ao contrário, ficaram zangados e foram para Brasília fazer lobby para derrubar a lei.

Durante a tramitação no Senado coube a um fundador da CUT e do PT, senador Paulo Renato Paim, metalúrgico do Rio Grande do Sul,  acordar com os sindicalistas da CUT, Força Sindical e UGT, a manutenção do imposto sindical com uma pequena exigência de que os sindicalistas deveriam prestar contas ao TCU. A lei subiu a sanção presidencial e o metalúrgico e fundador da CUT Luís Inácio Lula da Silva vetou o artigo referente a prestação de contas, alegando que isso feria a liberdade e autonomia sindical.

Não sou mais sindicalista e milito no Partido Verde, mas acredito ainda nos mesmos projetos que me fizeram dedicar 20 anos de militância em favor da liberdade e autonomia sindical, por isso sofro com essa mudança de postura dos meus idolos, não me conformo, acho que mereço uma explicação melhor. Pois é um direito que tenho de ser convencido a também mudar de posição, caso contrário terei que mudar de ídolo.

 

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