Os papagaios do bairro do Guamá

O post "Os papagaios chineses não são os culpados" rendeu o belíssimo comentário do guamaense e publicitário - nesta ordem - Orly Bezerra. E com sua pemissão publico aqui e considero parte integrante do original.

"Pôxa, Zé, num dia que estou muito triste pelas surpresas desagradáveis que a vida nos prega, fizestes eu recordar da minha infância. No mesmo Guamá que você tão bem descreve, lá pelas bandas do Piquiá, do Cemitério Santa Isabel e das grandes áreas do Barros Barreto. Lugares propícios para uma boa brincadeira. Só faltou lembrar que a tala para fazer os papagaios era comprada alí no mercado de São Braz e o papel celofane, de variadas cores, num pequeno armarinho alí na José Bonifácio. E anda tinha o papagaio "tezinho", que subia faceiro, se rebolando mesmo, com um rabinho branco e uma ponteira preta, como que fazendo inveja aos demais. O rabo era de pano fino, de preferência um murim, rasgado em tiras bem finas de uma camisa velha ou de uma fralda já sem uso. Muito melhor do que os plásticos de hoje.O resto era arte e a criatividade de fazer o bichão subir e acabar como fanchão do dia. Tudo embalado com uma boa encarnação na turma, garotos iguais a nós, que só queríamos nos divertr com uma brincadeira de criança, sem volência, sem maldades e sem saber como seria o amanhã.Apesar de tudo, sinto saudades do bairro que me acolheu por mais de 30 anos e que, ainda hoje, acolhe a minha mãe.Mesmo que não seja mais nem a sobra daqueles bons tempos.
Orly Bezerra"
 

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