A natureza trocada por miséria

Ao visitar a comunidade do Treme, Bragança, compreendi perfeitamente a afirmação de que na Amazônia estamos devastando e destruíndo recursos naturais para gerar miséria. Esta comunidade é formada por pescadores e tiradores de caranguejo. Duas categorias sofridas.
Os caranguejeiros, por exemplo, fretam um barco e saem em grupos, geralmente formados por dez trabalhadores e o piloto da embarcação. O barco sai numa maré para retornar em outra. A embarcação leva os catadores na maré das duas horas da manhã, por exemplo, e os deixa no mangue escolhido pelo grupo. Vai largando um em cada ponto. Cada qual pega sua trilha e começa a capturar os crustáceos. Perto da outra maré, o barco se aproxima e começa recolher um a um. Geralmente o barco atraca no trapiche do Treme doze horas depois. Neste momento é hora conferir a produção.
Cada caranguejero captura por volta de cento e cinquenta individuos, cinquenta é para pagar o frete do barco, os cem restantes são vendidos nas catações por vinte e dois reais, isto mesmo, vinte e dois reais. Este é o ganho de quem fica mergulhado, metendo a mão na lama, por doze horas, todos os dias.
Para aumentar seu ganho, o caranguejero deve apanhar o maior numero possível de caranguejo por viagem, não importando o tamanho, a época ou o sexo do animal. O resultado desta operação é um mangue exaurido e uma população vivendo abaixo da linha da miséria.
O que fazer? Você que come patinhas e massas deliciosas pode até ficar com remorso, mas a culpa não é sua, é obvio, porém é preciso que você se envolva numa campanha para evitar comprar produtos gerados a partir do esgotamento de recursos naturais e da miséria humana.
 

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