O estado do puxadinho

Você já entrou numa repartição pública? Sim. Qualquer uma? Pode ser federal, estadual ou municipal. Mas entrar que eu falo, é passar do balcão, ir lá dentro e visitar as salas. Já fez isto? Já? Não?

Se entrar, vá olhando os detalhes. Repare nos móveis. Nas cadeiras. Na verdade, restos de cadeiras de outras gestões, cada uma de uma cor. As cadeiras com suas cores e estilos, revelam os gostos dos antigos chefes. Os estilos e fabricantes são diferentes, muito diferentes. Poucas cadeiras são novas, compradas pelo atual dono do cargo. Outras, bem mais antigas, com estofado gastos e até furada, pertenceram aos antigos ocupantes, foram muitas administrações e nem uma deu continuidade ao que as outras queriam fazer, nota-se pelas cadeiras.

As divisórias. As divisórias são puxadinhos para abrigar departamentos, seções, que antes não existiam no organograma. Uma sala ampla foi dividida em outras menores. Lá, se colocou grupos de trabalhos, comissões de estudos, novas seções...

Mesas. Mesas meio deslocadas. Nota-se pela posição que elas estão colocadas meio que a força, para caber na sala. Essas mesas arranjadas de ultima hora são para um comissionado de última hora, nomeado pelo gestor atual, que por problemas políticos não pôde demtir quem encontrou por lá. O jeito foi esticar a sala, colocar mas mesas para caber os seus novos nomeados. Funcionário público sem uma mesa não é um funcionário.

Os fios. Os fios estão por todos os lugares. Expostos. Enrolados. O fio da impressora, que antes não tinha. O fio do computador novo, do comissionado novo. Os equipamentos que os funcionários levam, como a nova cafeteira para fazer um cafezinho à mais quando termina ou esfria o da garrafa. 

Uma repartição pública é o retrato perfeito do estado brasileiro. Um estado dos improvissos. Um estado do puxadinho. Um estado sem profissionalismo. 

O Ministério mais antigo, por exemplo, é o Ministério da Justiça que está abrigado numa obra de arte de Oscar Nieamayer. Lá dentro, depois do balcão de atendimento, os puxadinhos, tipico do improvisso e da ausência de profissionalismo, estão presentes.

Aqui em Belém, quem quiser conhecer e fazer um estudo de caso para uma tese de  mestrado em administração, daquelas cujo orientador seja o competente professor Helder Aranha, aconselho visitar a sede da CTBEL.


 

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