Reformulação do PNUMA, PIB verde e incorporação do capital natural estão entre as propostas
Verdes do Brasil e de mais 36 países reuniram-se hoje (18), na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro para validar o documento mundial oficial que será encaminhado para a Rio+20. O documento oficial foi redigido em abril deste ano em Dakar no III Congresso Global Greens.
Com metas claras em três eixos de atuação que visam a eficiência de uma economia verde: a governança mundial, a descarbonização da economia e o desmatamento zero, o documento foi validado pelos dirigentes do Global Greens, e reiterado pelos jovens do Young Global Greens, representantes dos povos indígenas e militantes verdes brasileiros.
Para o coordenador-geral do Global Greens, Jean Rossiaud, este é o tempo da cidadania e da política global, em que a mobilização social e a mudança de cultura e de padrões de consumo é que serão responsáveis pela eficiência da sustentabilidade e do desenvolvimento humano. “A Rio+20 pode ser uma oportunidade perdida para os governos, mas não para os verdes. Precisamos pensar primeiro na sustentabilidade e depois no desenvolvimento e, por isso, que os verdes devem pensar globalmente, mas agir localmente e globalmente”.
Para presidente nacional do Partido Verde, deputado federal José Luiz Penna, a realização da Rio +20 representa a oportunidade de negociar uma abordagem integrada e efetiva do desenvolvimento sustentável através dos três pilares: ambiental, econômico e social e uma grande oportunidade para reafirmar a visão sistêmica do desenvolvimento sustentável, o que exige uma mudança radical do sistema atual. Para Penna, a Rio+20 não será um fracasso se forem apresentados metas objetivas e pontuais que vão ecoar na sociedade. “Nós que pensamos a economia verde há 25 anos podemos contribuir muito para sua efetiva implementação, de forma justa”, afirmou Penna para exemplificar a economia criativa e que, mesmo que a economia verde seja 5% mais cara, os benefícios a longo prazo são muito maiores.
Definir saídas para a atual crise financeira a partir da Economia Verde, para a deputada estadual (PV-RJ) Aspásia Camargo, exige ação imediata na proteção dos ecossistemas, com eficiência e sustentabilidade dos recursos e proteção do capital natural, ao mesmo tempo em que se garanta a promoção da produção e do consumo sustentável. “Queremos incorporar os custos do capital natural e reconhecer o valor dos serviços que a natureza presta. Valorar os bens comuns globais.”, sintetizou Aspásia. Neste eixo está, por exemplo, a criação do PIB Verde, que considere as florestas e a taxação das emissões de carbono.
Em relação à governança, os parlamentares verdes foram muito claros, querem que o PNUMA, programa da ONU para o meio ambiente, seja transformado em uma agência das Nações Unidas, com as mesmas atribuições que a Unesco, por exemplo. Além de propor a criação de um Conselho de Desenvolvimento Sustentável que inter-relacione vários organismos internacionais (FAO, OIT, OMC, Banco Mundial e FMI).
Ao ser indagado sobre a força que os Partidos Verdes têm para proporcionar as mudanças, Penna foi direto ao assunto: “somos uma minoria barulhenta e que faz a diferença. Conseguimos mudar o Código Florestal e vamos conseguir pressionar a governança mundial para admitir ações concretas para o clima e a economia verde solidária”.
Dentre os presentes, estavam Larissa Waters (senadora, Australia), Kennedy Maxwell (senador, Nova Zelandia), Manuel Dias (Venezuela/FPVA), Carlos Ramon (Colombia/FPVA), Margot Soria (Bolivia/FPVA), Jean Rossiaud (Suica/Global Greens), Joel Labbe (senador/França), Ewa Larsson (deputada/suecia), Eva hallstrom (deputada/suecia), Jean-marc Nollet (ministro do Desenvolvimento Sustentável da Belgica).