Câmara Municipal faz sessão pelo Dia Mundial do Meio Ambiente e sofre boicote do prefeito

Participei na Câmara Municipal da sessão especial, requerida pelo vereador Otávio Pinheiro, pela passagem do Dia Mundial do Meio Ambiente. Estava lá representando a Ordem dos Advogados do Brasil. Estiveram presente, além de Otávio Pinheiro, os vereadores Adalberto Aguiar, Maquinho, Rildo Pessoa, Augusto Pantoja e Teresa Coimbra. A Bancada do Prefeito e os órgãos municipais resolveram boicotar a sessão, até uma técnica de uma das secretarias convidadas chegou a entrar no plenário, logo foi chamada de volta pelo seu superior (ou seria inferior?).

Boicotar uma sessão do Dia Mundial de Meio Ambiente? Juro que não entendi. Como é que as vésperas da Rio+20, onde todas as pessoas em redor do Planeta discutem o futuro da humanidade, os vereadores de uma capital em plena floresta amazônica resolvem boicotar uma sessão que visa pensar sobre os problemas ambientais? É fantástico, sem dúvida! 

Eu e as pessoas que foram até a Câmara prestigiar o parlamento municipal ficamos admirados com tamanha irresponsabilidade com o futuro de uma cidade prestes a completar 400 anos. Será que Belém não tem problemas ambientais para serem debatidos? Será que os vereadores não tem competência ou compromissos com o futuro da cidade? Abriu-se a palavra para as entidades presentes e começou a brotar os problemas: 150 toneladas diárias de esgoto derramados direto na baia do Guajará, disse um palestrante. O Lixo produzido em Belém continua fazendo estrago ao lençol freático, disse outro. Somos a última capital brasileira em arborização, fez questão de lembrar um líder popular. Um grupo de moradores da Bacia do Una apresentou slides como o problema de alagamento por falta de manutenção dos canais. E os lagos reservatórios de água de toda a cidade? As macrofitas estão tomando conta do lago Água Preta e o Bolonha está em situação crítica também. Ninguém estava lá para acusar o atual prefeito ou responsabiliza-lo por anos de abandono. As pessos foram convidadas pelo poder para debater livremente sobre o futuro ambiental de Belém.

Os vereadores votam e aprovam a sessão, depois convidam as entidades para comparecer, as pessoas aceitam o convite, largam seus afazeres, dispõem parte do tempo, gastam dinheiro com transporte para ir até a Câmara ajudar nos debates e eles que são eleitos e pagos para estarem lá simplesmente não comparecem. Atribuo isso a pouca inteligência que atualmente paira sobre o Poder Legislativo Municipal de Belém.    

O nível dos nossos representantes caiu muito, lamentavelmente. Em outros tempos os vereadores sabiam fazer a diferença, defendiam o prefeito sem, contudo, comprometer a autonomia do poder legislativo. Hoje a Câmara Municipal de Belém não merece ser chamada de Poder independente e autônomo, virou um órgão nivelado a uma secretaria municipal, onde o titular é um servidor ad nutum (no nível que está a inteligência local, deixa eu até explicar o termo ad nutum: é aquele servidor que não tem estabilidade, exerce um cargo de confiança e pode ser demitido a qualquer tempo).

Felizmente estamos na democracia e já já teremos eleições, onde o povo poderá avaliar o desempenho parlamentar desta gente. Claro que aqueles medíocres tentaram as manobras de compra de voto, através de doações, presentes, apoios a cabos eleitorais bem relacionados, alguns até partiram para ignorância da compra de votos, isto tudo faz parte dos riscos do sistema democrático, mas mesmo assim acredito numa tremenda renovação, pois a atual composição da Câmara Municipal é a mais medíocre que já passou por ali, nem na época do Aquilom Bezerra foi tão baixo o nível. 

Louvo a iniciativa dos vereadores que tiveram o mérito de convocar a sessão e lá compareceram para debater. 

 

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