Belém, quente, poluída, suja e sem árvores. Cadê a Cidade Pomar de Manuel Bandeira?

Arborização II
Belém foi considerada em pesquisa do IBGE como a capital menos arborizada do Brasil. A notícia chocou a todos, principalmente os mais velhos que sabem da polêmica entre Antônio Lemos e diversos urbanista, quando o Intendente resolveu trocar os taperebazeiros por mangueiras. Depois a cidade se acostumou a árvore asiática e até foi chamada de "Cidade Pomar" por Manoel Bandeira:
Bembelelém
Viva Belém!
Cidade pomar
(Obrigou a polícia a classificar um tipo novo de delinqüente:
O apedrejador de mangueiras.)
Bembelelém
Viva Belém!
Em meio a tristeza por ficar em péssima classificação, a Semma resolveu aplicar a Lei Municipal que obriga a retirada da arborização urbana da espécie ficus, fato que revoltou os moradores da Travessa 25 de Setembro. Recebi então e-mails com fotos e reclamação, como este enviando pelo senhor Pedro Lopes, um lutador pela arborização da Cidade:
"Caro José, a Prefeitura derrubou estas mais de 25 arvores na 25 com a desculpa de que as raizes destas arvores são muitas profundas. Se algo estava errado porque ela (SEMMA) não derrubou quando as arvores eram pequenas? Deixar as arvores ficarem adultas e depois sem mais nem menos derruba-las é crime, alem do que a SEMMA não planta nada e vem comesta de derrubar o que os outros plantam.
Pedro Lopes."

A arborização urbana é de vital importância para a qualidade de vida em uma cidade. Leia a opinião de Laerte Scanavaca Júnior (engenheiro florestal, mestre em Ciências Florestais, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente).
Os benefícios advindos da arborização urbana promovem a melhoria da qualidade de vida e o embelezamento da cidade. Essa arborização depende do clima, tipo de solo, do espaço livre e do porte da árvore para se obter sucesso nas cidades. Além da função paisagística, a arborização proporciona à população proteção contra ventos, diminuição da poluição sonora, absorção de parte dos raios solares, sombreamento, atração e ambientação de pássaros, absorção da poluição atmosférica, neutralizando os seus efeitos na população, valorização da propriedade pela beleza cênica, higienização mental e reorientação do vento. A floresta, quando em equilíbrio, reduz ao mínimo a saída de nutrientes do ecossistema. O solo pode manter o mesmo nível de fertilidade ou até melhorá-lo ao longo do tempo.
Belém, graças a equipe de profissionais da Semma, conseguiu aprovar na Câmara Municipal o Plano Municipal de Arborização, que agora é Lei Municipal. Mas arborizar uma cidade de quase dois milhões de habitantes, onde setenta por cento está concentrado em trinta e cinco por cento do território, não é fácil, precisa da colaboração de todos. Inclusive dos profissionais que projetam edifícios e que só conseguem pensar em arborização a partir do "Auto Cad", baixando aquelas palmeiras que já vem nos modelos do programa.
Seu Pedro, sei da sua indignação justa quando vê o corte de uma árvore, por isso quero convidá-lo para um esforço coletivo em prol da arborização. Na semana próxima pretendo reunir diversas autoridades e lideres, incluindo a Semma  para uma conversa na Comissão de Meio Ambiente da OAB sobre a arborização de Belém. É necessário fazer as pessoas compreenderem a importância da arborização para qualidade de vida. Se assim não acontece, continuaremos perdendo árvores para os prédios, pois é mais fácil sacrificar um vegetal que adaptar o projeto de arquitetura.
Tem dois casos emblemáticos, para os quais chamo a atenção. O primeiro é o edifício Torre de Vert (ironicamente Torre Verde) que fica na  Gentil com a Generalíssimo; na porta das Garagens tem uma enorme, frondosa e antiga mangueira, ela já estava lá antes do prédio, mas o arquiteto não buscou a solução adequada e preferiu deixar as portas das garagens brigando com a árvore, quem perderá nesta briga? O outro caso, fica na Generalíssimo entre Conselheiro e Mundurucus, a PDG adquiriu vários terrenos, inclusive o Colégio 12 de Outubro, para construir três torres de 28 andares, terá que projetar salvando as diversas mangueiras que estão lá, conto com a sensibilidade dos arquitetos para salvar estes indivíduos, até porque, deixo eu lembrar, as mangueiras de Belém são tombadas.
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