Ontem foi um dia para comemorar a democracia brasileira. Milhares de cidadãos e cidadãs, da maior a menor cidade, se dispuseram a inscrever-se nos mais diversos partidos políticos, submetendo-se ao intricado, exigente e ao mesmo tempo moderno processo eleitoral brasileiro, para disputar um cadeira na Câmara Municipal ou o posto elevado de chefe do poder executivo local.
Em Borá (SP) com 804 habitantes ou em São Paulo(SP) com 10.990.249 habitantes, todos irão as urnas escolher seus representantes. Estes representantes, pobres ou ricos, profissionais liberais ou simples operários, para ser candidatos, terão, obrigatoriamente, que passar pelo mesmo ritual. Primeiro se filiar a um partido político concordando com sua ideologia, depois solicitar que seu nome seja aprovado por uma convenção, em seguida provar que nada devem a justiça e nem as cortes de contas, depois de aceito, procurar os eleitores da sua cidade e convencê-los que é digno de receber o voto.
O Brasil tem 5564 prefeituras e o mesmo número de câmaras municipais. Apenas para raciocinar, se cada câmara tivesse oito cadeiras, seriam 44512 vagas de vereador em disputa, como cada partido pode registrar até 150% das vagas existentes, podemos dizer que neste caso seriam 66768 candidatos. Cada candidato envolve no mínimo 20 pessoas na campanha ou 1335360 eleitores. Some-se a estes os funcionários da Justiça Eleitoral, do Ministério Público e das empresas que produzem material de propaganda eleitoral. A democracia envolve muita gente.
Tem políticos ladrões, corruptos, incompetentes, bem menos do que diz a imprensa ou os adversários políticos, mas mesmo estes precisam receber o voto do eleitor para assumir um cargo público. O sistema democrático não é perfeito, como os humanos não são, mas é o melhor regime de governo que a humanidade criou.
Mesmo Deus quando escolheu Samuel como primeiro Rei de Israel, teve o dissabor de vê-lo transgredir, e sabem o que ele fez? Cassou o mandato de Saul e ungiu outro, Davi, que também cometeu alguns deslizes, porém foi castigado sem perder o mandato, e tornou-se o maior dos Reis que a Terra já conheceu.
Daqui para frente, depois de publicado os nomes e autorizado a campanha eleitoral, compete aos eleitores a tarefa de escolher e escolher muito bem aquele que merecerá o seu voto. Que vençam os melhores.