Tem muitas fezes nas águas de quatro praias de Belém, foi o que conclui os exames realizados a pedido da Semma e divulgados no último sábado (14). As praias do Cruzeiro, em Icoaraci; Brasília e do Amor, no Outeiro; e Baia do Sol, no Mosqueiro, estão impróprias para o banho, atestou as análises.
Todo ano é a mesma situação, a Semma coleta água das diversas praias antes de iniciar as férias e durante todos os finais de semana do veraneio. Manda analisa-las, de posse do resultado, convoca a imprensa e anuncia a tragédia. Faz isso nos dois primeiros finais de semana. Do terceiro em diante, conforme vai agravando o quadro de contaminação, silencia que é para não alarmar os veranistas.
A Semma cumpre o seu papel de analisar a balneabilidade das praias segundo as regras do Conselho Nacional do Meio Ambiente, mas a Prefeitura nada faz para resolver o problema de contaminação das águas, fazendo com que o quadro se repita cada vez mais grave, ano após ano. Se as águas dos nossos rios fossem medidas em todos os pontos da cidade e durante todo o ano, verificaríamos o quanto de contaminação nossa população está sujeita diariamente.
As praias não ficam contaminadas por causa do mal uso e muito menos por causa dos cachorros dos banhistas como quis fazer crer o aconselhamento dado por um técnico ambiental. A contaminação vem dos esgotos jogados in natura nos nosso precisos corpos d’água. Belém, segundo o IBGE, despeja 150 toneladas/dia de esgoto diretamente no rio. Já pensaram a quantas doenças estamos expostos?
A parte continental, as duas das maiores ilhas: Caratateua e Cotijuba, não dispõe de estações de tratamento de esgoto. Toda a água cinza, contaminada por produtos químicos, bactérias e metais pesados sai dos tubos e cai diretamente nos rios.
Mosqueiro, a única ilha com sistema de tratamento de esgoto, estaria livre desses riscos de se o sistema que custou uma fortuna aos cofres públicos estivesse funcionando. O sistema de tratamento de esgotos da Vila, criminosamente, não funciona e foi sucateado pela administração do prefeito Duciomar Costa, que até responde processo na Justiça Federal por este fato.
Daqui para frente, numa colaboração do pesquisador da UFPa, Eduardo Brandão, você tomará conhecimento da irresponsabilidade que a Administração Duciomar foi capaz de praticar com este importante serviço público.
O que era o Sistema de Tratamento de Esgotos de Mosqueiro?
• Constituído de 07(sete) bacias de esgotamento;
• Abrange área de Mosqueiro desde o bairro da Vila até a praia do Chapéu Virado, compreendendo 300 ha.;
• 51.500 metros de rede coletora;
• 630 poços de visitais na rede,
• 07(sete) estações elevatórias de bombeamento;
• 02(duas) estações de tratamento com capacidade para tratar até 200 l/s, e do tipo aeradas compreendendo um conjunto de 03 lagoas em série, sendo a primeira, de mistura completa aerada e as demais facultativas aeradas mecanicamente;
• foi projetado para atender inicialmente 5.300 ligações prediais individuais.
Como está o sistema agora?
Assista uma resumo da apresentação elaborada pelo doutor Eduardo Brandão, UFpa, e apresentada a comunidade https://docs.google.com/file/d/0B5BVA6eALW_MdzJyNHJZUnEzcUk/edit
Para ludibriar a Justiça, a Prefeitura resolveu mascarar o funcionamento do sistema, coletando com carro-pipa a água suja do esgoto que não estava sendo bombeada, para jogá-la diretamente na Praia. Assista o vídeo:
A imprensa paraenses não pode ficar pacifica e se contentar apenas em receber semestralmente os laudos de balneabilidade das praias, sem cobrar providências da Prefeitura Municipal de Belém.
Um bom e comprometido jornalista perguntaria: de que adianta a Pastoral da Criança, a UNICEF, o Criança Esperança, incentivar e ensinar as mães como fazer o soro fisiológico para curar diarreia, se o Poder Público Municipal colabora para contaminar a água que estas crianças ingerem todos os dias?
Vou encaminhar esta denúncia, com pedido de providências a Câmara dos Deputados, através do deputado federal Arnaldo Jordy. Espero que repercuta e as providências cheguem com a urgência que o caso requer.