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Marina Silva não se sensibiliza com apelo da bancada do PT do Senado e deve mesmo deixar o partido
Publicada em 11/08/2009 às 23h38m
ReutersO Globo
BRASÍLIA - A bancada do PT do Senado divulgou nesta terça-feira uma carta aberta elogiando o trabalho da senadora Marina Silva (PT-AC). Na carta, os senadores defendem a permanência de Marina no partido para que "prossiga" sua trajetória política. No entanto, segundo a bancada, independentemente da decisão da senadora, o vínculo com o PT "jamais se quebrará". Convidada a se filiar ao PV para se candidatar à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2010, Marina sinalizou nesta terça-feira que pode aceitar a proposta e deixar o PT . ( Qual seria o impacto da candidatura de Marina Silva? )
Quando perguntada nesta terça se não temia perder o resto de seu mandato de senadora, já que a legislação atual prevê que o mandato é do partido, deu a senha:
- Quando se fala de algo da magnitude que estou fazendo, o cálculo político apequena o debate. O mandato que eu tenho é uma honra que recebi do povo acreano. Mas não será o medo de perder o mandato que me fará desistir do que acredito e do que defendo.
Na carta, os senadores vinculam a trajetória de Marina à criação da legenda, usando termos carinhosos: "Doce e determinada, calma e perseverante, Marina Silva contribuiu decisivamente para a estruturação do partido e sempre teve uma ação construtiva na bancada", diz a carta, que classifica seu desempenho à frente do Ministério do Meio Ambiente (2003-2008) como "histórico". Os senadores também afirmam que lutaram lado a lado com Marina "pelas melhores causas da nação".
"Por isso, desejamos sinceramente que a nossa querida companheira Marina Silva permaneça no Partido dos Trabalhadores, sua casa política, e prossiga nessa trajetória coletiva que já conquistou tanto, mas que tem tanto ainda para conquistar", diz um trecho da carta.
PSB quer que a base tenha mais candidaturas à Presidência
O movimento político da ex-ministra do Meio Ambiente já causara reações de aliados do governo, como o PSB, que vai tentar convencer nesta quarta o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que é preciso mudar a estratégia para a eleição de 2010 e lançar mais candidatos da base.
Lula tem insistido que o melhor cenário para a candidatura da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, seria uma eleição plebiscitária contra um candidato tucano. Mas os dirigentes do PSB insistirão na candidatura presidencial do deputado Ciro Gomes (PSB-CE).
Senadora tem até um ano antes das eleições para trocar de partido
A senadora tem até um ano antes das eleições para definir se troca de partido, prazo que expirará no início de outubro. No entanto, ela avisou que não deve levar todo esse tempo para anunciar sua decisão.
Também nesta terça-feira, Marina participou de várias reuniões com o ex-senador José Eduardo Dutra, atual presidente da BR Distribuidora e provável sucessor de Ricardo Berzoini na presidência do PT, com o senador Pedro Simon (PMDB-RS) e Eduardo Suplicy (PT-SP). Dutra disse que informou à senadora que não quer assumir o PT com um desfalque da importância dela em seus quadros.
- Estou convencido que ela realmente está fazendo uma reflexão profunda - disse Dutra - O melhor dos mundos é que ela fique no PT e se candidate ao Senado - completou.
O Planalto, porém, já considera irreversível a filiação da senadora ao PV e avalia que sua provável candidatura deve causar prejuízos à campanha da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.
Há 30 anos no PT e no segundo mandato no Senado, Marina deixou o posto de ministra do Meio Ambiente em 2008 após pressões pela liberação de licenças ambientais para obras do governo e disputas em torno do comando de projeto da Amazônia.