Hoje é grande a repercussão da decisão da FIFA que eliminou Belém como uma das sedes da copa. A classe política quer encontrar um culpado de acordo com suas preferências e interesses, sempre de olho no próximo pleito. Mas o que de fato aconteceu para que a FIFA escolhesse quatro sedes no nordeste e apenas uma na Amazônia, sendo que a copa de 2014 é dedicada ao meio ambiente? O Governo do Pará fez o dever de casa, acreditando que a FIFA escolheria as sedes com base apenas em critérios técnicos. Porém não é assim que o jogo funciona.
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Dizem que faltou influência política para o Pará. Nisso, eu não acredito. Vejamos. Ana Júlia é amiga pessoal de LULA que declarou sua preferência por Belém. Jáder Barbalho tem grande influência nacional e nunca usaria essa influência contra os destinos do Pará, mesmo não estando satisfeito com as relações políticas locais. Jatene, por seu turno, embora esteja na oposição, e tenha influência nacional, não se prestaria para derrotar as pretensões do nosso Estado. Então, o que aconteceu de fato?
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O Estado do Amazonas vem levando vantagens sobre o Pará desde a época em que o Governo Militar traçou seu programa de desenvolvimento para Amazônia. Pelo programa militar, o Estado do Amazonas foi desenhado como uma zona franca e bastante subsídio para que prescindisse do restante do território. Como isso, temos um Estado com 70% da população vivendo na capital, Manaus. O Amazonas, com uma economia subsidiada, e vivendo do distrito industrial e da zona franca, pôde dedicar seu programa de desenvolvimento, exclusivamente, ao para o turismo. Assim, foi fica fácil vender uma imagem positiva.
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O Estado do Pará, ao contrário, foi pensado como a nova fronteira de expansão agrícola. Para cá, os militares trouxeram pessoas de todos os cantos, na política: “terra sem homens, para homens sem terra”. Abriram a estrada Transamazônica, a Santarém - Cuiabá, estradas no Sul do Pará. Implantaram o “Grande Projeto Carajás”, a hidrelétrica de Tucuruí, o Projeto Albras/Alunorte. Deixaram existir Serra Pelada. Construíram uma ferrovia ligando a parte mais pobre do Estado do Maranhão a área em desenvolvimento do Pará. Esta política atraiu para o nosso Estado pessoas e problemas. Temos grilagem; temos trabalho escravo; temos morte no campo; temos exploração sexual; temos uma das maiores taxas de crescimento populacional dos estados brasileiros; temos desmatamentos e crimes ambientais, em grande escala. Para completar, no governo FHC, fomos brindados com a Lei Kandir. Por esta Lei, o estado do Pará não pode cobrar imposto sobre o que produz. Belo presente. Quem assistiu ontem à televisão pode ver Manaus sendo premiado com a escolha da sede da copa e o Pará recebendo, do Fantástico, duas notícias negativas: Câmara de Redenção transformada em bordel e Portel a sede da venda de corpos e de devassidão sexual. Ainda somos considerados a sede amazônica da pedofilia.
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A FIFA não está interessada em bom futebol, em torcedor apaixonado e em estádio de futebol de alto nível, como é o caso do Mangueirão. A FIFA se move por dinheiro e imagem limpa. Manaus tem uma boa imagem como sinônimo da Amazônia e tem grandes multinacionais como patrocinadores, seus políticos são unidos em defesa do Estado, não importa em que partido estejam. Assim, fica difícil vencer.