Encontro da Caminhando

Foi um sucesso o encontro da "Caminhando", agora que passou posso dizer, no Beto Grill. Duas ausências foram justificadas: Elias Araújo - Senador Mário Covas como era conhecido; e o Senador de verdade Tião Viana, mas mandaram cartas, ei-las:

Querido Irmão, Encaminho, anexas, nossas cartas, de Tião Viana e minha, para nossas amigas e amigos de Caminhando e pedimos que sejam lidas hoje em nosso encontro.
Um grande abraço.
Elias Araújo

Queridas companheiras e companheiros de Caminhando,

Há cerca de quase três décadas, tomamos parte de uma organização política e social, cujo papel no processo de democratização do País e das Universidades, ainda por escrever, está indelevelmente marcado para nós enquanto história coletiva e individual, e vista assim, desde a perspectiva do tempo, do século XXI para o Século XX, reveste-se de relevante importância para o País, mesmo quando não tenhamos a devida consciência disso. Da corrente política que inspirou essa organização, participaram ativamente figuras hoje muito conhecidas da política nacional, incluindo Chico Mendes, Marina Silva, Tarso Genro e José Genoino.
No Pará, para cada a um de nós, a Caminhando representa muito mais que uma organização política e social, porém uma escola de formação de líderes e da juventude para a vida, graças a qual nos foi possível cultivar valores, desenvolver conhecimentos e relações, num ambiente cultural que nos acompanha vida afora, não importa os caminhos que tenhamos tomado, na geografia e no tempo. Há, certamente, dessa época um liame que nos une e que nos dá identidade, superando as dimensões de tempo e espaço.
Essa escola, nossa verdadeira Universidade, a integrar todas as nossas dimensões de seres humanos, deu ao Estado e à República, uma governadora, a quem faço questão de nomear como Sua Excelência Ana Júlia Carepa, e um Presidente do Senado, a quem também quero nomear na fomalidade de Sua Excelência Tião Viana. Essa formalidade, numa comemoração informal, ainda que pareça inusitada, é apenas para destacar o fato de que cada um de nós contribuiu para formar a maior geração de lideranças políticas, intelectuais, artísticas, sociais, científicas e culturais que jamais um movimento fez na História do Pará e da Amazônia, incluindo nesse movimento todas organizações que soubemos articular num bloco de hegemonia, cujo domínio se estendeu, inconteste e sem conhecer derrotas, por mais de dez anos no movimento estudantil paraense. I.sto, entre outras coisas, porque fazíamos e fazemos política com alegria (aqui, lembro Tadeu cantando e tocando “Não vai dá, assim não vai dá, quarenta e quaro passes, não dá pra aguentar!”), como na memorável campanha da meia passagem, graças a qual os estudantes, filhos e filhas de nosso povo podem exercer esse direito
Daí oferecemos um presidente da UNE, Valmir Santos, secretários de estado, em âmbito federal e estadual (Rômulo,, Benatti, Imbiriba, entre outros), e diversas outras autoridades. Mais importante que isso, porque menos transitório, temos brilhantes advogados da estirpe de Jarbas Vasconcelos e Paulo Weil, intelectuais como Hilton, Arroyo e Edilza, artistas como Márcia Freitas, Márcia Corrêa e Chiquinho Weil. Além de muitos outros cuja nominata seria impossível nesse espaço e que são, sobretudo vencedores para a vida. Gostaria de lembrar, com saudade e alegria também dos que se foram, no nome de nosso inesquecível Fernando Lôbo
Por tudo isso, sinto-me profundamente orgulhoso de ter feito parte da Caminhando e de continuar cultivando os laços e valores que ela nos proporcionou. Especialmente porque, diferente da música cantada com a finalização melancólica “daquele garoto que ia mudar o mundo...”, para nós continua tendo uma rima feliz, pois continuamos todos a dar a nossa pequena contribuição para um Pará, uma Amazônia, um Brasil e um mundo não apenas mais justos, humanos, livres e fraternos, mais que tenham como uma nova utopia a síntese do futuro e do passado, pela qual possamos legar às gerações de nossos filhos e netos um planeta com um modo de vida que conserve as condições de vida na terra, com toda a dignidade e diversidade da Natureza e dos seres humanos.
C
om um grande abraço, Saudações Eco-socialistas,
Elias Araújo

Acresço a esta mensagem a do Presidente do Senado de nossa República. Tião Viana:

Brasília, 19 de outubro de 2007.
Caros Colegas,
Gostaria de dizer que muito me alegraria estar com vocês e poder abraçá-los nessa ocasião tão festiva, mas, infelizmente, compromissos impedem-me de me ausentar de Brasília nesta data.
Cumprimento a todos e em especial aos responsáveis por manterem viva a memória do saudosa “Caminhando”, palco de tantos sonhos, audácias.
A alegria experimentada em encontros como esse nos revigora e nos ajuda a manter o passo firme na busca de nossos propósitos e de nossos ideais.
Sinto saudades dos tacacás, dos ventos às margens das baías, dos banhos, dos acampamentos, de tantas coisas... Lembro-me, ainda hoje, com grande emoção, dos meus tempos de estudante, quando a Faculdade sofria as ameaças da Ditadura... Diplomado, fui convidado a permanecer em Belém, como professor, mas a vida quis diferente. Vem dessa fase o meu olhar otimista, minha crença em lutar por algo além do possível.
Como sabem, em 1999, inaugurei uma nova etapa, aceitei um novo desafio. Com humildade e satisfação assumi o mandato de Senador pelo meu Estado, que me foi conferido por sua gente que tanto me orgulha, e por quem me dá tanto gosto trabalhar e hoje estou, interinamente, à frente do Senado Federal.
Tenho um compromisso firmado com a melhoria dos indicadores de Saúde, no Acre e no Brasil como um todo, e venho buscando honrá-lo, dia após dia, no exercício de minha atividade parlamentar e, acreditem, nesse caminhar vocês estão comigo.
O trecho extraído do Livro Sagrado do Hinduísmo, Bhagavad Gita, numa adaptação livre de Fredy Kofman, traz uma reflexão, cuja dimensão e profundidade a leitura me cativou, e considero que seus ensinamentos transcendem as questões de natureza religiosa e merecem ser partilhados. Diz o texto:
Embora os homens de mente grosseira se aferrem às suas ações e se preocupem com os resultados, o homem sábio é livre de todo o apego.
Sem se ofuscar pelo êxito, nem sofrer ansiedade pelo fracasso, ele oferece suas ações no fogo da virtude.
Em paz com que acontecer, desapegado do prazer do triunfo e da dor da derrota, ele age com consciência plena.
Aquele que cumpre seu dever sem se preocupar com os resultados é o verdadeiro homem de sabedoria.
Forte abraço, felicidades a todos!
Tião Viana
 

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