ESCREVENDO SOBRE O PT IV

Após as eleições de 1982, com a esmagadora vitória do PMDB, e em vigor a reforma partidária, os grupos de esquerda, abrigados no antigo MDB, resolveram buscar outros caminhos. PCB, PC do B e PSB se apresentaram como novos partidos. Outras organizações, porém, ingressaram no PT, rotulando seus dirigentes e fundadores de social-democratas, igrejeiros, pequeno burgueses, com a intenção de assumir a direção em todos os níveis. Esta atitude acendeu a luz dos fundadores como Lula, Jacó Bitar, Olívio Dutra, que decidiram combatê-los, para tanto organizaram um manifesto que recebeu 113 assinaturas, nome pelo qual ficaram conhecidos nas disputas internas que se seguiram. Os 113 fundaram depois a Articulação, campo majoritário que sempre dirigiu o PT. A senha dessa disputa, pelo controle da direção, foi dada por LULA, quando, em discurso proferido a militantes, acusava pessoas de vestirem duas camisas, por cima a camisa do PT e por baixo a camisa da sua organização, apelando para que tirassem aquela de baixo. A tática dos 113 era absorver os grupos menores e de pouca consistência organica, para, no segundo momento, enfrentar os grupos mais fortes e melhor organizados.
O mais vigoroso adversário, que não aceitou retirar a camisa de baixo e ostensivamente desafiou o comando da Articulação, foi o grupo liderado por José Genoíno Neto, Adelmo Genro e Ozéas Duarte.
Estas disputas tinham conteúdo ideólogico bastante forte. Discutia-se, por exemplo, o socialisamo e seu carater; a forma da tomada do poder: se pela luta armada ou pela via democrática; a concepção de partido: se de quadros ou de massas. Debatia-se até se a democrácia tinha valor universal ou classista.
A chave do sucesso partidário estava na chamada democracia interna, ou seja, dentro do Partido era permitido todo o tipo de disputa, fora, porém, a unidade de ação contra a burguesia e os poderosos fazia a diferença.
 

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