O que fazer com os camelôs de Belém?

Por que Belém é tomada por camelôs? O camelô tem direito a ocupar as ruas, calçadas e praças impedindo o livre acesso e a circulação de pedestres? Por que só em Belém o comércio através de camelôs não conseguem ser disciplinado pelo poder público?

Os candidatos a prefeito de Belém abordam grandes temas durante os debates eleitorais, mas deixam de fora coisas do cotidiano que incomodam a população, uma delas é o que fazer com os camelôs que obstruem calçadas, impedem a circulação, não pagam impostos e mesmo sendo tido como uma saída duvidosa para o desemprego significa um entrave inaceitável para a livre organização da Cidade.

O povo, acreditando que não tem uma solução para o problema, até cunhou uma frase para marcar o conformismo como este tipo de atividade: "é melhor eles estarem ai do que roubando". A prática, porém, desmente esta afirmação, pois Belém é uma cidade cheia de camelôs e muito violenta.

Os prefeitos tem adotado algumas medidas, que por serem paliativas, todas, até hoje, fracassaram. A repressão e a violência não surtiram efeitos, porque limparam a rua jogando o problema para debaixo do tapete. A remoção de uma área, levando-os para outro ponto da cidade também não funcionou, os camelôs acabam retornando para o local de maior movimento. A antiga Feira do Açaí, que antes estava cheia de camelôs, foi liberada e a prefeitura os retirou de lá e os alojou na bela Praça dos Pescadores, tempos depois, novos camelôs ocuparam a antiga área e perdemos os dois espaços de lazer. Os camelôs das transversais do comércio que foram removidos para o Espaço Palmeira agora tem duas bancas, uma no novo local e outra, com algum parente, na mesma transversal. A histórica Praça das Mercês, palco de batalhas cabanas, está completamente tomada por camelôs remanejados de outros pontos da cidade. A Praça da República começou com a feira de artesãos e hoje tem pelo menos três novas feiras: a dos importados, a de comidas e de produtos industrializados, até animais são comercializados por lá.

Os candidatos a prefeito, na busca pelo voto fácil, precisam parar de fazer jogo duplo com a cidade e com os camelôs ao mesmo tempo. É preciso entender que as pessoas tem direito a calçadas para circular livremente. Que a cidade ganha melhor aspecto e atrairá turismo e negócios se preservar sua paisagem.

Depois é fundamental estudar o que atrai os camelôs em direção ao centro ou a pontos específicos de Belém, entendendo a questão, é possível planejar o comércio exercido pelos ambulantes conciliando os direitos destes com os da maioria das pessoas.

Como Curitiba venceu e organizou o comércio informal? Criaram os espaços em cada rua para um número aceitável de camelôs e também montaram uma via própria para o mercado informal. O Rio de Janeiro construiu os shoppings populares. O melhor administrador é aquele que também tem capacidade de copiar e aplicar as boas idéias.

Belém, nossa morena querida, não pode mais aceitar que a cidade seja terra de ninguém, onde empresários de fora do Estado, arregimentem pessoas na periferia, a preço vil, sem carteira assinada, sem os direitos trabalhistas garantidos, para vender seus produtos em qualquer ponto da cidade, atravancando as ruas e calçadas, sem que o Poder Público defenda os direitos da população em ter uma Belém organizada.

Antes dos partidos políticos pensarem no nome de candidatos, que tal estudarem melhor os problemas cotidianos que atrapalham o dia a dia da população? Vamos pensar numa Belém moderna e quatrocentona.

 

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