Hoje pela manhã, na esquina da Djalma Dutra com a Rua do Una, um homem lavava o rosto com água que escorria na vala, fazendo sua higiene pessoal tranqüilamente. Lembrei-me então do poema "O Bicho" de Manoel Bandeira, que reproduzo aqui para reflexão de todos:
O bicho
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
Rio, 27 de dezembro de 1947