Essa história de cotas de passagens de deputados é mais um escândalo que se mete a classe política. Dessa vez é a Câmara Federal. Na semana passada foi o Senado. Comparo isso à balde para tirar água de poço.
Quando eu morava no Guamá, no fundo do quintal de casa tinha um poço. Cada dia um irmão, dos mais velhos, era responsável por abastecer os potes, as tinas e as demais vasilhas de água. O balde que usávamos era feito de lata, dessas de manteiga ou de querosene, pois não tinha luz elétrica e comprávamos querosene para as lamparinas e candeeiros e aproveitávamos as latas vazias. Pois bem, pegávamos as latas, e depois de limpas, pregávamos um pau para amarrar a corda e pronto estava feito o balde. Ah! Ainda tinha que amarrar um peso do lado que era para o balde dobrar lá no fundo e encher mais rápido. Você já tirou água de poço? Com o uso, as latas iam fazendo pequenos buracos no fundo, pelos lados. Para não vazar, tapávamos os buracos com trapo de pano e quebrava um galho. Mas tinha um momento que não tinha jeito, eram tantos os buracos que não havia remendo que prestasse. Nessa hora só tinha uma solução, comprar outra lata. O sofrimento só acabou mesmo com a água encanada.
Assim está a classe política, remendando o balde ou trocando de lata. Quem disser que todos são culpados tem razão. Quem disser que a culpa é do sistema, também tem razão. Deixem o balde e o poço de uma vez por todas e vamos construir democraticamente uma nova forma de organizar o estado brasileiro.