Existe valor além dos seres sencientes?
Quando a gente fala em assassinato, as pessoas pensam logo em seres que tem capacidade de sentir prazer e felicidade. As árvores, como as nossas mangueiras, em tese, não podem ser vítima desse crime, pois, na nossa percepção, elas não têm qualquer sentimento, morrem sem sofrer. Por isso podem ser assassindas de forma cruel que ninguém vai se importar com isso. As seivas verdes podem corre, esvair-se que nem um jornal vai registrar, pois só registram sangue de cor vermelho vivo e nada mais.
Duas mangueiras, em idade adulta, uma na Gentil Bitencourt esquina da Alcindo Cacela, outra na Avenida Governador José Malcher em frente ao Edicífico Aldebaro Klautau, foram vítimas de envenenamento. Quem as matou, matou para tirá-las da sua frente e não atrapalhar sua existência. As coitadinhas devem ter sofrido por dentro, até que o efeito do envenamento atingissem as folhas e podessem ser vistas.
A SEMMA foi acionada, fez a vistória, vai autuar as pessoas e também substituir as coitadinhas. Os criminosos, porém, continuarão dormindo sem qualquer remorso, nunca confessarão seus crimes.
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Senciência, é a "capacidade de sofrer ou sentir prazer ou felicidade"[1]. Não inclui, necessariamente, a auto-consciência. A palavra senciência é muitas vezes confundida com sapiência, que pode significar conhecimento, consciência ou percepção. As duas palavras podem ser diferenciadas olhando-se suas raízes latinas: sentire é "sentir" e sapere é "saber". Senciência, portanto, é a capacidade de sentir.