A Cidade de Belém está tomada de edifícios. Foi-se o tempo em que reinava solitário e imponente o Manoel Pinto da Silva, alí no final da Presidente Vargas, aliás, antiga 15 de Agosto, com 26 andares, sendo o mais alto da Cidade, supremacia essa ameaçada no presente.
Havia até uma piada com o tamanho do Edifício. Dizem que dois companheiros, vindos de Bujaru para acompanhar o Círio, quando chegaram à Presidente Vargas, logo após a Osvaldo Cruz, no início do antigo Largo da Pólvora, no que avistaram o imponente prédio. Um deles assustou-se e perguntou:- o que é isso? O outro respondeu: - não é o tar de mané pinto! Ao que o perguntadô exclamou: carcule o mané galo!
Os edifícios estão por todos os lados. Na Municipalidade fecharam um corredor, na Senador Lemos estão formando uma parede. Até na Pedreira do Samba e do Amor eles já estão dominando o cenário. Não tem mais critérios e nem fiscalização.
Antigamente a Cidade reagia. Lembro do arquiteto João Bastos com sua tese das ilhas de calor. Da Dra. Vera e seu movimento de proteção ao Parque do Museu Goeldi. Da Câmara Muncipal e suas Comissões Parlamentares, onde os vereadores Arnaldo Jordy e Joaquim Passarinho davam o tom do debate. Do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil com seus protestos contra a ganância das empresas, principalmente após a queda do Edifício Raimundo Farias (a quantas andam esse caso?) .
Nada mais acontece. A Cidade foi dominada. As empresas do setor mandam na propagandas em tudo mais.
Mês passado um operário caiu de um elevador e nada aconteceu. Estão construíndo duas torres com 40 pavimentos cada na Doca de Souza Franco, antigo Igarapé das Armas ou das Almas e tudo bem.
Alguma coisa está fora da ordem.